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Mudanças

De volta ao Brasil, Bolsonaro encontra cenário político desfavorável

Após três meses nos EUA, o ex-presidente pode sentir as diferenças do novo momento

De volta ao Brasil, Bolsonaro encontra cenário político desfavorável - Imagem: Agência Brasil
De volta ao Brasil, Bolsonaro encontra cenário político desfavorável - Imagem: Agência Brasil

Nathalia Jesus Publicado em 29/03/2023, às 08h48


Alvo de movimentações políticas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retorna ao Brasil nesta quinta-feira (30) após três meses nos Estados Unidos. No entanto, o cenário político brasileiro mudou desde que ele decidiu antecipar as férias depois de deixar a cadeira no Planalto.

Em solo brasileiro, o capitão reformado poderá acompanhar de perto alguns impasses políticos e judiciários, inclusive julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que podem levar a sua cassação e outras investigações que podem atingí-lo, como a dos atos golpistas do 8 de janeiro e o caso das joias sauditas.

O caso das joias afeta Bolsonaro?

A entrada das joias da Arábia Saudita no Brasil implica diretamente na figura do ex-presidente. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Senado.

Por ter ficado em posse dos itens valiosos, Bolsonaro pode e deve ser chamado para depor para relatar os seus detalhes sobre os fatos ocorridos, de acordo com o UOL.

Na última terça-feira (28), foi revelado que o ex-mandatário estavam em posse de um terceiro pacote de joias dadas como presente pelo regime da Arábia Saudita que entraram de forma ilegal no país. No pacote recebido pessoalmente por Bolsonaro havia um relógio Rolex, abotoaduras, anel, caneta e um masbaha (rosário islâmico), todos em ouro branco e com pedras cravejadas.

Um outro conjunto de joias precisou ser devolvido pelos advogados de Bolsonaro após uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Os presentes do governo do país do Oriente Médio entraram ilegalmente no Brasil. Um outro pacote de joias, que seria um presente para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi interceptado pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 2021. O conjunto foi avaliado em R$ 16,5 milhões.

A defesa de Bolsonaro alegou que todos os presentes recebidos por ele foram "devidamente registrados".

Investigações do 8 de janeiro

Jair Bolsonaro é formalmente investigado pelo inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os responsáveis pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, que ocasionaram na destruição dos prédios da sede dos Três Poderes, em Brasília.

O ex-presidente foi incluído no inquérito após publicar em suas redes sociais um vídeo questionando o resultado das eleições dias depois dos ataques. Logo depois, a publicação foi excluída.

As investigações devem definir se Bolsonaro incitou ou não os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro. Anderson Torres, aliado do político do PL e secretário de Segurança do DF à época, está preso sob acusação de omissão.

Possível inelegibilidade

Além das investigações do âmbito criminal, Jair Bolsonaro também está na mira do TSE em uma ação que pode torná-lo inelegível.

A investigação apura se Bolsonaro cometeu abuso de poder em uma reunião com embaixadores em julho de 2022. Ele é acusado de se utilizar do encontro, transmitido pela TV Brasil, para atacar a integridade do processo eleitoral e disseminar desinformação.

Autor da ação, o PDT acusa Bolsonaro de uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político e pede a inelegibilidade do ex-presidente por oito anos.

Substituição

Caso seja confirmado que o ex-presidente não poderá concorrer nas eleições de 2026, o cargo de candidato para a disputa fica vago no Partido Liberal.

Michelle Bolsonaro, esposa e ex-primeira-dama, é um dos nomes cotados para assumir o posto. Ela estreou na política em grande evento assumindo a presidência do PL Mulher.

Na segunda-feira, em entrevista ao jornal O Globo, a senadora Damares Alves, ex-ministra da Família e Direitos Humanos na gestão Bolsonaro, afastou Michelle do posto e disse que ela não tem interesse: "Hoje o que ela quer fazer é ajudar a fortalecer a direita. (...) Cargo eletivo ela não fala, hoje não está no coração dela", afirmou.

A ex-ministra ainda se colocou como uma opção para ocupar o cargo em 2026. "Tem eu. Não se esqueçam de mim, sou boa", afirmou.

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