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CARNAVAL: Dr. Bactéria dá 5 dicas de como curtir a folia com saúde

Você sabia que uma pessoa transfere para a outra 8 milhões de bactérias por segundo de beijo de língua? Com a ajuda do Dr. Bactéria, o Diário de S.Paulo trouxe mais sobre as doenças comuns da época e como se proteger delas

CARNAVAL: confira 5 dicas de como curtir a folia com saúde - Imagem: reprodução Freepik
CARNAVAL: confira 5 dicas de como curtir a folia com saúde - Imagem: reprodução Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 13/02/2023, às 17h46


"Em fevereiro (fevereiro!) tem Carnaval!". Os versos de Jorge Ben Jor na famosa música: "País Tropical", traduzem o espírito carnavalesco pelo qual o Brasil todo espera ansiosamente. Afinal, a folia é uma das festas populares mais conhecidas no mundo.

Os quatro dias de folia são marcados por diversão, blocos de rua, fantasias das mais variadas possíveis, brincadeiras, e, geralmente, a união de uma multidão para as comemorações pelas ruas de todas as cidades do país.

Assim, além de ser um momento de alegria e comemoração, o Carnaval também é uma época do ano em que os órgãos de saúde pública dão bastante foco em ações de promoção de saúde e prevenção de doenças.

Para começar, é impossível falar de Carnaval sem falar de doenças sexualmente trasmissíveis (DSTs) e a importância do uso de preservativo (no sexo vagina, anal e oral). Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por dia, 1 milhão de pessoas adquirem infecções sexualmente transmissíveis no mundo, o que significa algo como 700 indivíduos infectados por minuto - todos os dias.

No entanto, vale lembrar que as DSTs - transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada - não são as únicas doenças perigosas durante a folia, e foi para explicar mais sobre isso que conversamos com o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.

Aglomeração

Roberto destaca que a aglomeração, comum durante dos bloquinhos de Carnaval, aumentam as chances de disseminação de todas as doenças respiratórias: "Quanto mais contato as pessoas têm umas com as outras pode ser que peguem", afirma ele.

Sarampo (doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal), gripe, resfriado e, claro, a COVID-19, são algumas das doenças citadas por ele como exemplos do que pode ser transmitido quando se está "a menos de 1,5 m ao lado de uma pessoa por mais de 15 minutos".

Apesar deste potencial perigo, Roberto afirma que nas ruas, mesmo com o número alto de pessoas em um mesmo local, o risco de contaminação ainda é menor do que o de um lugar fechado, isso por conta da ventilação. Ou seja, às vezes um local fechado com menos pessoas pode ser mais perigoso do que um local aberto com mais pessoas, como é o caso dos bloquinhos.

Troca de salíva

De todo modo, a comparação é feita pensando apenas em um cenário onde as pessoas então próximas mas não coladas, ou seja, quando não existe o contato físico. Assim, quando existe a troca de salíva, pelo beijo, por exemplo, esse risco aumenta consideravelmente.

Apesar de ser um ato muito comum no Carnaval, a festa preferida dos solteiros, o ato de ficar com várias pessoas também pode trazer sérios problemas para a saúde, para além das doenças respiratórias já citadas acima. Isso porque existe um número muito alto de troca de bactérias nesse contato, como explica o biomédico.

Uma pessoa transfere para a outra 8 milhões de bactérias por segundo de beijo de língua. Vamos partir do princípio de que o beijo de língua demore em média 10 segundos, quer dizer, uma pessoa transfere para a outra 80 milhões de bactérias. A partir do 9º beijo já existe uma transferência de resistência de uma pessoa em relação a outra", diz Dr. Bactéria.

Assim, fica claro que a falta de preocupação com a higiene na hora de beijar outras pessoas também pode representar sérios riscos e transmitir várias doenças, apesar de parecer algo natural.

Uma delas é a mononucleose infecciosa, mais conhecida como "doença do beijo". Trata-se de uma infecção - causada pelo vírus 'Epstein Barr' - provocada pela troca de saliva. Surge, com maior frequência, em adolescentes e jovens. Os sintomas são febre, dor de garganta e gânglios inflamados (pode ser observados atrás das orelhas).

Dr. Bactéria destaca que a mononucleose, de início, pode até não ser percebida, por ter sintomas parecidos com os da gripe, mas afirma que a doença pode evoluir para casos mais graves de gengivite podendo até causar a queda dos dentes.

Ele também cita a Herpes Labial - causada pelo vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) - como doença possível de ser adquirida durante o beijo, onde o paciente contaminado costuma apresentar feridas dolorosas nos lábios, mas a infecção também pode acometer a gengiva, faringe, língua, céu da boca, interior das bochechas e, às vezes, até a face e o pescoço.

Além disso, o Dr. Bactéria também cita, outro problema não muito comentado, mas que também representa perigo. É o caso de pessoas com processo cariogênico - de formação de cáries nos dentes.

Se uma pessoa estiver em processo cariogênico, ela pode passar uma grande quantidade de bactérias "streptococcus mutans" para a outra pessoa. Só que é claro, no caso da cárie depende mais da alimentação e da higiene da pessoa. Se ela tiver restos de carboidratos isso pode ocasionar problemas de cárie", explica. 

Em suma, o biomédico afirma que existem diversas outras doenças que podem ser transmitidas pelo beijo, e por isso, deveriam se preocupar mais com o ato e parar para pensar na questão higiênica dessa troca de saliva.

Então, eu acho que as pessoas têm que se preocupar mais com a qualidade da pessoa que vai beijar e não com a quantidade. Eu falo, a não ser que a quantidade seja em uma pessoa com qualidade", brinca o Dr. Bactéria.

Depois de entender melhor sobre os principais perigos para a saúde durante o Carnaval você deve estar se perguntando como se proteger. Para isso, o Diário de S.Paulo pediu para o Dr. Bactéria algumas dicas de como preservar a saúde, com mais imunidade e menos bactérias, sem deixar de curtir a folia, é claro.

5 dicas de como ter mais saúde durante o Carnaval:

1- Vacine-se

O doutor alerta que é o primeiro passo para se cuidar durante o Carnaval é ter certeza de que está com todas as vacinas em dia. Por isso, checar a carteira de vacinação e ir até o Posto de Saúdemais próximo para tomar todas que faltarem é de suma importância para proteger a si mesmo e aos outros.

O primeiro cuidado é a vacinação, sem dúvida nenhuma. Veja o que você lembra e o que não lembra [de ter tomado] e comece essa vacinação", afirma ele.

Além disso, ele alerta que sobre a COVID-19 não é nem preciso comentar, pois sua importância e necessidade já está comprovada. Portanto, ele defende que - seja você jovem ou não - é necessário tomar a vacina contra o coronavírus, e nessa visita ao 'postinho', vale aproveitar para conferir todas as outras.

2- Cuidado com a exposição ao sol

A exposição exagerada ao sol, como pode acontecer em bloquinhos de rua durante o dia, pode ser perigosa. Isso porque o sol, apesar de ser extremamente importante para a nossa saúde também pode desencadear diversos problemas.

Queimaduras de diferentes graus, alergias, surgimento de manchas, envelhecimento precoce decorrente da perda da elasticidade da pele, surgimento de rugas e câncer de pele são alguns exemplos de consequências para a saúde.

Assim, o doutor aconselha usar bonés ou chapéus para se proteger contra a radiação e nunca se esquecer do protetor solar, que deve ser levado em embalagens pequenas e repassado várias vezes ao dia.

3- Hidrate-se

Roberto também relembra sobre a importância de se hidratar durante todos os dias de festa, com pelo menos 2,5 l de água por dia.

Isso porque essa quantidade serve apenas para a reidratação, ou seja, apenas para repor o líquido que 'perdemos'. Assim, o ideal seria beber a quantidade para reidratar e mais ainda para realmente hidratar o corpo.

Apesar de sabermos da importância, muitas vezes no meio dos bloquinhos podemos nos esquecer, por isso é importante sempre levar uma garrafinha de água e intercalar o consumo de álcoolcom o de água. Ta anotando aí os itens essenciais? (confira mais abaixo)

Lembre-se, beber água:

  • Regula a temperatura corporal,
  • Auxilia na desintoxicação do corpo,
  • Ajuda na absorção de nutrientes de outros alimentos,
  • Deixa a pele mais bonita e hidratada,
  • Previne o aparecimento de pedras nos rins,
  • Melhora a circulação sanguínea, etc.

4- Atenção ao excesso de bebidas

Não faz sentido dizer: "Não beba álcool", no entanto, vale sempre lembrar que a ingestão de bebidas alcoólicas deve ser feita com responsabilidade.

Para além do importantíssimo: "Se beber, não dirija", vale citar que a bebida também afeta a saúde, isso porque, segundo o Dr. Bactéria, "abaixa a nossa imunidade", o que nos deixa ainda mais sujeitos a diversas infecções e doenças.

Ele também alerta para a mistura entre bebidas alcoólicas com energéticos, que deve ser evitada.

Isso é uma verdadeira bomba, são produtos que não são compatíveis. Faz muito mal para a saúde", afirma Roberto.

É importante lembrar também que o consumo de bebidas alcoólicas com o estomago vazio pode ser muito ruim. Por isso, nunca se esqueça de se alimentar bem antes e depois da bebedeira.

5- Priorize a qualidade e não quantidade

Apesar de o doutor já ter explicado acima, vale frisar que a troca de saliva durante os beijos pode representar sérios perigos para a saúde, ainda mais quando trocados com pessoas cujo estado de saúde e higiene bucal são desconhecidos.

Por isso, para não deixar de aproveitar, ele afirma que é importante priorizar a qualidade das "bocas beijadas" do que a quantidade, isso porque beijar uma pessoa conhecida, sabendo que ela não tem nenhuma doença, é muito mais seguro do que beijar diversos desconhecidos.

O mesmo vale para o uso de copos de outras pessoas, já que o contato com a saliva também pode ser feito desta forma. Por isso, para se proteger de doenças e até mesmo do consumo de substâncias estranhas (como drogas), opte por usar seu próprio copo ou de pessoas de confiança.

Kit de sobrevivência para o Carnaval

Agora que você finalmente entendeu como curtir a folia sem deixar a saúde de lado, deve ter notado que alguns itens são essenciais para estar sempre nas mãos enquanto curte o Carnaval.

Por isso, a partir das dicas valiosas do Dr. Bactéria, separamos tudo que não pode faltar na sua bolsa/pochete/mochila quando for sair de casa. Confira:

  • Água;
  • Álcool em gel;
  • Barrinha de cereal, frutas ou lanches;
  • Boné ou Chapéu;
  • Óculos de Sol;
  • Protetor Solar;
  • Remédio de prevenção e cura da ressaca.
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