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Chocante

Estudante fica em estado gravíssimo de saúde após trote de faculdade

O caso teria acontecido no dia 4 de agosto

O crime ocorreu em uma república da universidade - Imagem: reprodução/Freepik
O crime ocorreu em uma república da universidade - Imagem: reprodução/Freepik

Thais Bueno Publicado em 22/10/2022, às 16h43


Um estudante da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, está em coma após ter sofrido com o trote da faculdade, realizado geralmente pelos veteranos como um ato de iniciação para os caloros.

O caso teria acontecido no dia 4 de agosto deste ano, em uma república federal de propriedade da União. 

Durante o ocorrido, ele teria sido submetido a ingerir óleo, cachaça, molho de pimenta e molho shoyu misturados. Além disso, vários baldes com pó de café foram jogados em seu rosto e existem suspeitas de que ele tenha sido abusado sexualmente.

De acordo com os médicos, o jovem, que é de São Luís, no Maranhão, foi encaminhado ao hospital quase sem vida. Eles relataram para a mãe dele que encontraram vômito e pó de café no pulmão do menino.

Ela contou, em depoimento noticiado pelo Estado de Minas:

"Ele aspirou e se asfixiou com o líquido, teve pneumonia por aspiração e em seguida, o coma alcoólico. Ele já estava pálido e se debatendo quando levaram ele para a UPA".

O hospital, por sua vez, decidiu acionar a Polícia Civil quando resquícios de lubrificante foram encontrados em seu ânus. Foi registrado, então, um boletim de ocorrência.

O estudante havia entrado no curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Ouro Preto em 2021, durante a pandemia. Devido à volta das aulas presenciais em fevereiro de 2022, ele se mudou para a cidade. 

Sem lugar para ficar, decidiu por morar na República Sinagoga, uma das Repúblicas Federais que são propriedade da universidade, mas têm a gestão feita pelos próprios estudantes.

Por conta dos abusos sofridos, o jovem precisou trancar a faculdade. Conforme dito pela mãe, ele está muito abalado e foi diagnosticado com Transtorno de Estresse Agudo, além de estar com queda de cabelo, perdido parcialmente o movimento do pé esquerdo e desenvolvido problemas cardíacos.

A responsável pelo garoto afirmou que entraria com um processo na Justiça para que os membros da república que fizeram o trote sejam cobrados. Alguns moradores do local confirmaram terem planejado e aplicado o "golpe" no aluno, segundo a própria mulher.

Em um primeiro momento, a família e os residentes do local fizeram um acordo para que o caso não fosse relatado à universidade, visto que o trote é proibido. Os moradores prometeram pagar tudo relacionado ao tratamento. Deram também a quantia de R$ 900 e arcaram com as passagens de avião dos pais do menino.

No entanto, depois de um tempo, eles mudaram da água para o vinho e pararam de conceder auxílio financeiro aos familiares do jovem, acusando-o de uso de drogas e de assédio sexual.

A universidade confirmou, em nota oficial, que ficou sabendo do acontecimento e que medidas serão tomadas.

"Na quarta-feira (19), a Universidade recebeu um e-mail do estudante, que imediatamente foi encaminhado para acolhimento pela equipe técnica de moradia e acompanhamento por assistente social. Já solicitamos a ele que encaminhe documentos para que possa ser aberto um processo administrativo disciplinar discente para possibilitar a aplicação das normas da UFOP, que proíbem o trote, de acordo com a Resolução Cuni nº 1.870. Segundo o mesmo documento, a prática de trote implicará aplicação de penalidades de advertência, suspensão ou desligamento. Questões relativas a penalizações que a Universidade pode receber devem ser respondidas pela Advocacia-Geral da União (AGU)".

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