Segundo pesquisas, 30% a 60% das infecções pelo microrganismo levam à morte dos pacientes
Mateus Omena Publicado em 23/05/2023, às 18h12
O estado de Pernambuco registrou, na última semana, os dois primeiros casos do ano para o superfungo Candida Auris.
Em hospitais da Região Metropolitana do Recife, dois homens deram entrada nas unidades por outras motivações, de acordo com a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa).
"Os dois pacientes do sexo masculino deram entrada, um por lesão na pele e o outro por consequência neurológico. Nenhum dos dois foi por causa do fungo. Mas a gente toma todas as medidas para que esse fungo não se dissemine na unidade hospitalar. Ou seja, esses pacientes são isolados e os contatos com ele também", explicou a gerente da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, Karla Baêta, em entrevista ao jornal Folha de Pernambuco.
Segundo o órgão, os atendimentos nas duas unidades em Pernambuco estão restritos. A liberação só acontecerá quando as coletas estiverem negativas no intervalo de 72 horas. Por enquanto, nenhum novo caso foi identificado, mas as autoridades de saúde continua investigando
De acordo com a gerente da Apevisa, o tratamento dos dois homens segue por meio de antifúngicos e antibióticos. "Os pacientes estão sendo tratados para que não se torne uma doença invasiva e possa levar a sintomas mais graves", explica.
Por causa do alto risco do superfungo, ambos os hospitais intensificaram as ações de higiene, incluindo limpeza e desinfecção, para bloqueio e controle da propagação do fungo.
"É importante salientar que o monitoramento e a identificação oportuna desse fungo nas unidades hospitalares é essencial para que a gente não tenha uma maior disseminação na rede de hospitais. É importante que os profissionais de saúde se atentem para as medidas de proteção individual e coletiva. Uso de luva, lavagem da mão e uso de todo o equipamento individual".
O Candida auris é uma espécie de fungo, que foi identificado pela primeira vez na década de 2010. Foi descrito em 2009, na Coreia do Sul, aparecendo anos depois no Japão. Em seguida, iniciaram os surtos na Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Reino Unido e na Espanha.
Candida auris é difícil de ser diagnosticado pelos médicos, especialmente por ser resistente a praticamente todos os medicamentos, por isso ele recebeu o nome de “superfungo”.
A espécie cria uma camada protetora, chamada de "biofilme", que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.
De acordo com especialistas, a espécie pode sobreviver por meses em superfícies, no entanto a sua transmissão ocorre apenas pelo contato direto com pessoas infectadas ou com objetos. Mesmo assim, a infecção pode ser fatal, dependendo do estágio em que a doença seja descoberta.
O aumento de casos de infecção pelo microrganismo tem motivado alertas das autoridades de saúde dos Estados Unidos, levando em conta a sua resistência aos medicamentos antifúngicos comuns e, por isso, apresentar uma alta letalidade.
Os estudos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) sobre o Candida auris apontam que de 30% a 60% dos pacientes contaminados morrem.
Entre os principais sintomas da infecção, estão: febre, tontura, alteração da pressão arterial, dificuldade para respirar e aceleração do ritmo cardíaco são os principais sintomas da infecção pelo superfungo C.Auris.
No estado de Pernambuco, os dois primeiros casos do superfungo foram oficializados em janeiro de 2022, em uma mulher de 70 anos, e um homem, de 67. Ambos estavam internados no Hospital da Restauração. Mas, a mulher veio a óbito. SES-PE informou que sete meses após o óbito da mulher, 48 pacientes foram infectados pelo fungo, sendo 47 detectados no Hospital da Restauração e um no Hospital Miguel Arraes.
A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirmou a identificação de dois casos do superfungo Candida auris em pacientes internados no estado.
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