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"Febre do Vale"

ALERTA! Cientistas chamam a atenção para surto de fungo comedor de carne humana

As pessoas temem um cenário de apocalipse, após o sucesso da série The Last of Us, da HBO

Na série da HBO, as pessoas são atingidas por uma infecção fúngica parasitária, chamada cordyceps, que toma conta do cérebro de alguns insetos devido ao aquecimento global - Imagem: reprodução/Freepik
Na série da HBO, as pessoas são atingidas por uma infecção fúngica parasitária, chamada cordyceps, que toma conta do cérebro de alguns insetos devido ao aquecimento global - Imagem: reprodução/Freepik

Thais Bueno Publicado em 06/02/2023, às 17h05


A tão esperada série do game The Last of Us já está entre nós. A produção pós-apocalíptica da HBO, que estreou no dia 15 de janeiro e tem lançamentos semanais às 23h00 todo domingo, fez com que as pessoas desenvolvessem uma certa preocupação.

Isso porque elas estão assustadas com a possibilidade de uma ameaça de fungos dizimarem a humanidade - vale mencionar que a série dá uma explicação que parece bem realista sobre o apocalipse na série: o aumento da temperatura mundial devido ao aquecimento global.

Até o momento, não há motivo para pânico: não há nenhum fungo conhecido que possa transformar humanos em zumbis através de esporos.

Contudo, um patógeno vem preocupando os cientistas nos Estados Unidos e pode, de fato, se tornar predominante no país por conta das mudanças climáticas. Os especialistas alertaram que essa espécie pode até se alimentar de carne humana.

A doença causada pelo fungo se chama "febre do vale" e é relatada pelo menos desde 2013. Com o sucesso colossal da série, os médicos precisaram vir a público explicar que um cenário apocalíptico é extremamente improvável.

Na série da HBO, as pessoas são atingidas por uma infecção fúngica parasitária, chamada cordyceps, que toma conta do cérebro de alguns insetos devido ao aquecimento global e, depois, se espalha para os humanos, transformando-os em zumbis.

Na vida real, não é bem assim que funciona; porém, existem certas semelhanças entre a infecção fictícia e a real, que vem sendo notada pelos médicos nos últimos anos.

Febre do vale

A febre do vale é uma infecção causada por coccidioides, um fungo que geralmente se desenvolve em climas quentes e áridos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), ele vive, geralmente, no solo empoeirado do sudoeste dos Estados Unidos.

A inalação de minpusculos esporos do fungo faz com que ele se espalhe rapidamente. Alguns sintomas são muito parecidos com os da Covid-19: tosse, febre, fadiga e dores musculares. Também pode causar erupções cutâneas.

Em casos mais graves, quando o fungo passa dos pulmões ao cérebro, o paciente pode ir a óbito. O CDC confirmou que um número próximo a 200 pessoas morrem de febre do vale a cada ano - a doença é classificada justamente como uma epidemia silenciosa.

Pode se espalhar para o mundo?

Em entrevista para a emissora NBC, o pesquisador de medicina da Universidade do Novo México, Dr. Paris Salazar-Hamm, detalhou que a febre do vale pode se espalhar de 12 para 17 estados nos EUA e o número de casos pode aumentar em 50% até 2100 em um cenário de alto aquecimento - tudo isso com base em estudos.

"Os patógenos fúngicos são um grupo que é amplamente negligenciado e a febre do vale é um modelo interessante porque está associado ao clima".

Já o Dr. Manish Butte, chefe da divisão de imunologia e alergia da Universidade da Califórnia, revelou que, embora o fungo não cause sintomas tão pesados, em casos raros pode "se espalhar rápida e destrutivamente por todo o corpo", comendo a carne do corpo para se manter nutrido.

"Caso se espalhe para o cérebro ou medula espinhal, cerca de 40% das pessoas morrem", explicou em entrevista ao USA Today. Isso pode acontecer cerca de duas semanas após o contato com o fungo.

Alguns cientistas afirmam que a possibilidade de uma futura pandemia fúngica não é impossível, mas ressaltam que, na verdade, é bastante improvável que aconteça.

"Acho que estamos naquele ponto de inflexão em que nunca descartamos nada como uma possibilidade. A chance de uma infecção em grande escala existe, mas a questão é: quão provável é? Não acho que seja o caso", apontou Dr. Kamal Singh, presidente de microbiologia e virologia da Cook County Health.

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