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Eleições 2022

Debate presidencial: quais os principais temas discutidos por Lula e Bolsonaro?

O evento aconteceu no último domingo (16) na tela da Band

Destaques do debate foram pandemia, corrupção e fake news - Imagem: reprodução/Twitter @caporezzodm
Destaques do debate foram pandemia, corrupção e fake news - Imagem: reprodução/Twitter @caporezzodm

Thais Bueno Publicado em 17/10/2022, às 14h08


Os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participaram do primeiro debate ao vivo no último domingo (16).

O debate durou quase duas horas, foi dividido em três blocos e, embora a Band tenha organizado a discussão, outros veículos também repercutiram o acontecimento.

As principais temáticas discutidas pelos candidatos foram pandemia, corrupção e fake news, além de beneficios sociais.

Embora Lula e Bolsonaro sejam antagonistas, não protagonizaram muitos momentos de tensão - diferente do debate do primeiro turno, que possuia um número maior de pedidos de direito de resposta para os presidenciáveis.

Na última pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada na última sexta-feira (14), o petista contava com 49% dos votos, enquanto o atual presidente da República tinha 44%.

Pandemia

No começo do debate, logo no primeiro bloco, os candidatos discutiram muito sobre o assunto pandemia. Lula culpou Bolsonaro pelas mais de 600 mil mortes de brasileiros. De acordo com sua fala, isso poderia ter sido evitado se o presidente não tivesse atrasado a compra de vacinas.

"O Brasil tem 5% da população mundial e 11% das mortes. Por que houve tanta demora para comprar vacina?", disse o candidato do Partido dos Trabalhadores.

Bolsonaro se defendeu: "No Brasil, em janeiro de 2021 começaram a vacinar. Todos aqueles que quiseram se vacinar, se vacinaram. E o Brasil foi um dos países que vacinou mais rápido". Ele também relatou que em 2020 a venda de vacinas ainda não havia iniciado.

Lula retrucou: "A verdade é que o senhor debochou, o senhor gozou das pessoas e deixou as pessoas morrerem afogadas por falta de oxigênio em Manaus. Apareceu na TV imitando pessoas sem ar".

Com essa fala do petista, o candidato do PL não perdeu a oportunidade de contra-atacar e afirmou que "tem um vídeo de Lula dando graças a Deus que à natureza criou a COVID".

"O que eu fui contra é protocolo do sr. Mandetta (então ministro da Saúde), que mandava à pessoa irem pra casa até sentir falta de ar. A vacina não é para quem está contaminado - é para quem ainda não foi", respondeu Luiz Inácio Lula da Silva.

Benefícios sociais

Jair Bolsonaro afirmou que, caso seja reeleito, o Auxílio Brasil seguirá com o valor de R$600. Ele ainda alegou que o PT era contra o benefício.

Lula respondeu dizendo que seu partido havia proposto um auxílio maior que os 600 reais e, em seguida, acusou o presidente: "O presidente só propunha 200 reais".

O ex-presidente também mencionou alguns feitos do seu governo: "Fizemos a maior política social que esse país já teve, geramos 22 milhões de empregos", citando também a criação de universidades. Ele perguntou ao candidato do PL quantas universidades ele construiu no período de 2018 a 2022.

Bolsonaro rebateu: "Não tinha cabimento abrir universidade para ficar fechada (na pandemia)", além de afirmar que deu anistia às dívidas do Fies.

Fake news

Uma declaração do presidente Jair Bolsonaro gerou polêmica. Em entrevista para um podcast, ele teria visto adolescentes venezuelanas em situação complicada no Distrito Federal. Ele falou que "pintou um clima" ao passar pelas meninas que, segundo ele próprio, teriam entre 14 e 15 anos.

Desse modo, o candidato do Partido Liberal aproveitou uma pergunta de um jornalista para atacar Lula e chamar a campanha do petista de mentirosa.

"O seu programa, influenciado por Gleisi Hoffmann, me acusou de pedofilia, tentando me atingir naquilo que tenho mais de sagrado: a defesa da família brasileira, defesa das crianças".

Para manter a linha de argumentação, Bolsonaro reiterou que uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, solicitou a exclusão do vídeo sobre as meninas e também proibiu que o PT o use para atacá-lo em sua campanha.

"O sr. Alexandre de Moraes dá uma sentença contrária a essas mentiras. Diz a sentença aqui: 'A postagem realizada pela representada Gleisi Hoffmann (que representa o PT), em 15 de outubro, agora, se descola da realidade por meio de inverdades, fazendo uso de recortes em encadeamentos inexistentes de falas gravemente descontextualizadas do representante Jair Bolsonaro, com o intuito de induzir o eleitorado negativamente. Tal contexto evidencia a divulgação de fato'".

Para se defender, Luiz Inácio Lula da Silva citou o fato de que seu concorrente possui 36 processos por fake news.

"A imprensa publica fartamente que pelo menos seis ou sete mentiras por dia são contadas (por Bolsonaro). Brinca-se de contar mentira. Levanta de madrugada, tem vontade, vai e conta uma mentira, faz uma live e conta uma mentira, sabe? Levanta até uma hora da manhã para fazer live".

Corrupção

Lula alegou corrupção no governo de Jair Bolsonaro durante a compra de vacinas. Vale lembrar que isso foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

"O senhor atrasou a vacina, depois tendo um processo inclusive de corrupção definido e denunciado pela CPI. E o fato concreto é que a sua negligência fez com que 680 mil pessoas morressem quando mais da metade poderia ter sido salva. A verdade é que o senhor não cuidou, debochou, riu, dizia que quem tomava vacina virava jacaré, virava homossexual, que não podia tomar vacina. O senhor gozou das pessoas, imitou as pessoas morrendo afogada por falta de oxigênio em Manaus".

Bolsonaro negou as acusações do petista e afirmou que ele mentiu, já que "não teve corrupção porque não teve vacina no Brasil". Ele também acusou o PT de corrupção durante a pandemia.

"Corrupção fez o seu partido na covid. Quando chegou na CPI a notícia de 50 milhões de reais desviados do sr. Carlos Gabas, ex-ministro de Dilma Rousseff, que passeava de bicicleta com ela, a CPI, dos seus amigos Renan Calheiros e Omar Aziz, não quis investigar. 50 milhões torrados em uma casa de maconha, não chegou nenhum respirador, e daí sim irmãos nordestinos morreram por falta de ar, por corrupção do sr. Carlos Gabas, deixar bem claro, e, em especial, o seu governador da Bahia, Rui Costa".

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