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Investigação

Professor temporário quebra braço de estudante autista durante uma crise

O estudante tem 15 anos e foi levado ao hospital. O professor é policial e foi afastado das suas funções

O estudante tem 15 anos e foi levado ao hospital. O professor é policial e foi afastado das suas funções - Imagem: Reprodução/Instagram @moabbrasil (Movimento do Orgulho Autista)
O estudante tem 15 anos e foi levado ao hospital. O professor é policial e foi afastado das suas funções - Imagem: Reprodução/Instagram @moabbrasil (Movimento do Orgulho Autista)

Ana Rodrigues Publicado em 14/11/2023, às 08h35


Um estudante autista de 15 anos teve seu braço quebrado por um policial militar, que atuava como professor temporário, durante uma crise. O caso aconteceu a na última terça-feira (7) no Centro de Ensino Especial 1 do Guará, no Distrito Federal.

Segundo a CNN, após o atendimento no local, o jovem foi levado para o Hospital de Base. Ele passou por cirurgia para colocar pinos de titânio no localo fraturado.

O policial militar é Renato Caldas Paranã, terceiro sargento da PM e professor temporário concursado da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) desde agosto deste ano.

Segundo o boletim de ocorrência, o aluno é um autistanão verbal de nível 3 e estava tendo uma "crise nervosa" quando o professor o conteve, quebrando o braço do menor.

A unidade escolar em que a agressão aconteceu é destinada exclusivamente ao ensino de portadores de síndromes como TEA (transtorno do espectro autista) e Síndrome de Down.

No entanto, de acordo com o Movimento do Orgulho Autista, Renato era totalmente despreparado para conter um autista em crise, e usou técnica totalmente desconhecida por quem atua no autismo.

A SEEDF informou, por meio da Coordenação Regional de Ensino do Guará, que o aluno foi imediatamente atendido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao hospital, acompanhado pela diretora da escola, de uma professora e da avó. A pasta também informou que o PM foi afastado das funções de professor e que o caso será apurado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da SEEDF.

Em uma nota, a Polícia Militar disse que o professor teria sido chamado para ajudar na contenção de um aluno, com Transtorno do Espectro Autista (TEA nível 3 não-verbal), que estava em uma crise nervosa, agredindo outros alunos e funcionários, e o adolescente teria se desequilibrado, provocando a lesão.

A corporação classificou o caso como acidente e ressaltou a lei que autoriza acumulação de cargos por servidores públicos. A nota também frisa que o ocorrido não se deu em atividade policial militar.

Em uma publicação nas redes sociais, o Movimento do Orgulho Autista disse que se solidariza com o menino e com a família, e se coloca à disposição para dar todo o suporte que precisar. O comunicado também fala sobre uma reunião que acontecerá nesta terça-feira (14) para discutir o ocorrido e casos semelhantes. Além do Movimento, estarão presentes a coordenação da Regional de Ensino do Guará, a OAB de Guará, o Conselho Tutelar e familiares de autistas.

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