Acidente aconteceu em setembro de 1987, na cidade de Goiânia, e se tornou um dos mais graves acidentes radiológicos da história
William Oliveira Publicado em 30/09/2024, às 12h09
Na manhã desta segunda-feira (30), a Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou a Operação Fraude Radioativa, com o objetivo de desmantelar um esquema fraudulento que desviou cerca de R$ 20 milhões em benefícios concedidos às vítimas do acidente com o Césio 137. O nome da operação faz referência direta ao incidente radiológico ocorrido em Goiânia, em 1987, que marcou o maior desastre radiológico fora de uma usina nuclear.
Durante a operação, foram expedidos três mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão na capital goiana. Até o momento, as identidades dos suspeitos não foram reveladas pelas autoridades.
A execução das ações está sendo conduzida por uma força-tarefa que inclui membros do Grupo de Repressão a Roubos (Garra) e da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), além de contar com o suporte da Procuradoria Geral do Estado (PGE).
De acordo com informações fornecidas pelo governo estadual, os benefícios alvo das fraudes são pensões vitalícias destinadas a indivíduos que atuaram no manejo da contaminação radioativa ou que desenvolveram doenças devido à exposição ao material radioativo.
Esses pagamentos visam amparar trabalhadores e vítimas diretas do acidente histórico, cujas consequências ainda reverberam na sociedade goiana.
O acidente
Em setembro de 1987, a cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás, foi palco de um dos mais graves acidentes radiológicos da história. O episódio teve início quando dois catadores de materiais recicláveis encontraram um aparelho de radioterapia abandonado, desmontando-o e vendendo as peças para um ferro-velho, sem terem ciência de que o dispositivo continha Césio-137, um material altamente radioativo.
A tragédia se desenrolou rapidamente: seis dias após o incidente inicial, o irmão do proprietário do ferro-velho visitou o local e ficou fascinado com uma pedra que brilhava no escuro. Ele levou fragmentos para sua casa. Além disso, o proprietário do ferro-velho distribuiu partes do material a outras pessoas, uma delas repassando à família.
A situação começou a se agravar quando várias pessoas que tiveram contato com a substância passaram a apresentar sintomas de mal-estar. Preocupada com o estado de saúde das pessoas ao seu redor, a esposa do dono do ferro-velho levou a peça suspeita até a sede da Vigilância Sanitária Estadual. Foi então que se descobriu tratar-se de Césio-137.
O impacto da contaminação foi devastador. Um total de 249 pessoas foram diagnosticadas com exposição ao material radioativo, das quais 129 apresentavam rastros da substância tanto internamente quanto externamente em seus organismos. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) relatou que 49 dessas pessoas precisaram ser hospitalizadas e 20 delas necessitaram de cuidados médicos intensivos.
Os locais mais afetados pela contaminação em Goiânia foram evacuados na época. No entanto, conforme uma reportagem realizada pelo G1 em 2017, a maioria desses pontos já estava novamente ocupada, ilustrando o retorno gradual à normalidade após a catástrofe.
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