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Investigação

Golpe de 8/1: militares negam envolvimento no ato e justificam suas ações

Os representantes do Exército deram depoimento à PF nesta semana sobre o episódio

Tentativa de golpe nos prédios dos Três Poderes em Brasília (DF), em 8 de janeiro - Imagem: reprodução/TV Globo
Tentativa de golpe nos prédios dos Três Poderes em Brasília (DF), em 8 de janeiro - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 26/04/2023, às 17h37


No último domingo (23), nove militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) negaram em depoimento à Polícia Federal (PF) ter dado auxílio aos manifestantes pró-Bolsonaro que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro.

A tentativa de golpe foi feita pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como presidente da República.

Em depoimento, os militares disseram que os manifestantes foram guiados por eles para o segundo andar do prédio, local onde seriam presos pela Polícia Militar (PM).

Saiba mais detalhes do interrogatório

Os militares disseram à PF que estavam em baixo número em comparação aos golpistas e, por isso, não conduziram as prisões individualmente.

O major José Eduardo Natale, flagrado pelas imagens oferecendo água aos manifestantes, explicou que foi apenas uma tentativa de "acalmar" os golpistas, evitando que danificassem a copa do Planalto. Em sua defesa, ele disse que havia risco de ser linchado e morto caso desse ordem de prisão aos golpistas, uma vez que estava sozinho e desarmado ao lidar com os manifestantes.

Os militares disseram também que, por causa do número de golpistas, houve falhas no chamado "Plano Escudo", ação conjunta da Polícia Militar e do GSI, para garantir a segurança do Palácio do Planalto.

Já o tenente-coronel Alex Barbosa Santos alegou que, durante o episódio, estranhou o fato das forças de segurança do Distrito Federal não terem realizado uma reunião prévia para discutir os atos de 8 de janeiro.

Os militares foram interrogados após imagens de câmeras de segurança apontarem o grupo circulando em meio aos golpistas. Em seguida, um lista com os nomes deles foi enviada ao STF pelo ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli.

“Não se trata de ajuda para a invasão, e sim de retomada do edifício em momento posterior à invasão", declarou Carlos Feitosa Rodrigues, general de divisão, em depoimento à PF.

Justificativa

Feitosa Rodrigues explicou que as imagens não mostram ajuda aos golpistas, mas na verdade mostra o momento de retomada do prédio.

Por outro lado, o coronel Wanderli Batista da Silva Júnior disse que os golpistas foram presos "em momento oportuno" depois da liberação do prédio em razão do "elevado número de manifestantes" e o reduzido efetivo do GSI e do Exército. "Era praticamente impossível realizar as prisões até a chegada de mais efetivo", afirmou.

Já o coronel da reserva André Luiz Garcia Furtado explicou que o trabalho do GSI foi, inicialmente, retomar o Planalto e retirar os manifestantes, partindo de uma varredura do quarto andar.

Mesmo assim, Furtado e o tenente-coronel Alex Barbosa Santos insistiram que os golpistas, no momento de retomada do prédio, apresentaram "comportamento bastante colaborativo", motivo pelo qual não foi usada força.

As prisões começaram a ser feitas após determinação do então ministro do GSI, general Gonçalves Dias.

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