Uma amiga da vítima confirmou os crimes cometidos pelo homem e descreveu o seu comportamento
Mateus Omena Publicado em 20/05/2023, às 10h22
Cansada de conviver com traumas e dores, uma mulher procurou a Polícia Civil para denunciar os abusos que sofreu na infância do próprio pai.
O episódio aconteceu em Juazeiro do Norte, a 491 km de Fortaleza, segundo a TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo.
A filha, hoje com 45 anos, escreveu a carta contando que os abusos sexuais duraram 11 anos. O texto tem cinco páginas e 148 linhas. Na carta ela diz também que o pai ainda comete os mesmos crimes.
"Foram onze anos de abuso sexual. Só hoje, com quase 45 anos, é que despertou em mim a coragem de escrever esse relato perturbador e, ao mesmo tempo, libertador. Torço para que em algum momento a Justiça seja feita e que alguma vítima recente possa ler esse relato e denuncie!"
E acrescentou: "Senti uma tristeza profunda, senti medo, senti um nó na garganta, uma vontade de gritar. Eu não tive coragem de contar para ninguém sobre o ocorrido por ser muito constrangedor. O tempo foi passando, os abusos, foram ficando cada vez mais frequentes, quase diários".
Segundo a vítima, os abusos aconteceram entre 1986 e 1988 quando ela tinha oito anos. No começo, ela achava que era carinho de pai, porém com o passar dos anos, entendeu que a atitude do próprio pai era errada. Ela conta que contou para a mãe que não acreditou.
"Eu não sabia se era carinho de pai ou se as coisas eram assim mesmo. Tinha só oito anos. Mas, conforme o tempo ia passando eu percebi que isso não era certo. A primeira vez que eu comentei foi com a minha mãe. Tinha dito a ela que uma colega tinha me chamado e tinha dito que não queria ir mais ir na minha casa. Ele estava se esfregando dela para satisfazer o desejo dele. Eu falei para minha mãe e ela não acreditou", afirmou emocionada.
"Faz uns 18 anos que faço terapia e hoje sou uma pessoa muito insegura. Gostaria que a Justiça fosse feita", completou.
Após a denúncia contra o homem, outras vítimas apareceram contando a mesma versão. Uma amiga que vivia na época próxima da família disse às autoridades que o homem era engraçado e divertido. De acordo com a testemunha, ele conquistava a confiança das crianças com brincadeiras e sorvete.
"Tem um episódio, na minha infância, que eu jamais esqueci. Eu deveria ter 8 ou 10 anos de idade. O fato aconteceu logo após o almoço. Tenho a lembrança de ter sido conduzida por um homem para dentro de um quarto. E foi lá dentro desse quarto que aconteceu o primeiro abuso", recorda.
A vítima amiga da família explicou que ele primeiro conquistava a confiança das crianças, com brincadeiras e presentes.
"Ele sempre conquistava confiança da gente. Era brincalhão e divertido. Ninguém suspeitava mesmo. Sempre dava presentes e chamava para tomar sorvete e brincar. Quando não tinha adultos por perto aí ele aproveitava a situação e começava a importunação. Comigo nunca aconteceu retirar a roupa e eu tinha medo que acontecesse."
"Ele era um verdadeiro mostro. Gostaria muito que ele respondesse por isso e que nenhuma vítima passe por que eu passei."
A Secretaria da Segurança Pública informou que a denúncia é investigada pela Delegacia Regional de Juazeiro do Norte.
* A íntegra da carta está disponível no site do G1.
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