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“São Paulo é uma cidade mulher”, declara prefeito Ricardo Nunes em evento da Prefeitura de SP

O político celebrou o "Dia Internacional da Mulher" em um sessão solene na Câmara Municipal

Prefeito Ricardo Nunes (MDB) em discurso na Câmara Municipal de São Paulo - Imagem: Mateus Omena / Diário de S. Paulo
Prefeito Ricardo Nunes (MDB) em discurso na Câmara Municipal de São Paulo - Imagem: Mateus Omena / Diário de S. Paulo

Mateus Omena Publicado em 10/03/2023, às 09h07


Na última quinta-feira (9), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) esteve na Câmara Municipal de São Paulo, onde participou da 155ª sessão solene em comemoração ao “Dia Internacional da Mulher”.

A solenidade, prevista na Resolução n° 1, de 8 de novembro de 2000, foi presidida pela vereadora Dra. Sandra Tadeu (UNIÃO).

Acompanhado da primeira-dama Regina Nunes, o político celebrou a ocasião da conscientização sobre os desafios da mulher na sociedade e homenageou lideranças femininas na política e em outros setores, de vereadoras a profissionais de segurança pública e da Justiça. Além de representantes de movimentos negros, periféricos e LGBTs.

De acordo com o prefeito, ele e a esposa passaram o 8 de Março acompanhando diversas iniciativas de assistência às mulheres, como o “Amparo Maternal”, instituição parceira da Prefeitura que acolhe mulheres grávidas e puérperas com recém-nascidos que não têm recursos necessários.

Apesar dos desafios que o gestor ressaltou em relação à saúde e segurança, Nunes considera São Paulo uma cidade que ‘abraça bem’ as mulheres e espera colocar em prática novas iniciativas para garantir a igualdade e a segurança a todas que precisem, mesmo que não sejam paulistas.

“São Paulo é uma cidade mulher, uma cidade acolhedora. Não há nada mais acolhedor do que a mulher, responsável por dar à luz”, declarou. “Mais de 90% das mulheres que estão no ‘Amparo Maternal’ não são da cidade e do estado de São Paulo, nem do Brasil. Elas são de outros países, onde não foram acolhidas e não tiveram condições para ter uma gravidez segura. E foi em São Paulo onde essas mães acharam uma ‘cidade-mãe’”.

Com humor, o prefeito discursou na tribuna que a cidade não é perfeita, apesar de suas qualidades, mas comparou essa contradição à dedicação e à humanidade de qualquer mãe. Tanto que fez alusão à própria mãe.

“Nenhuma mãe gosta que o filho fale mal dela, pois gosta de ser reconhecida como mãe, que deu à luz, amamentou, cuida e dá amor. A nossa cidade não é perfeita, assim como as nossas mães. A Dona Maria, minha mamãezinha é a pessoa que mais amo no mundo, mas não é perfeita. Mas, às vezes, não merece tantas críticas que fazem a ela”.

O político enumerou iniciativas de sua gestão em relação à saúde das mulheres e os resultados alcançados nos últimos anos.

“Nas UBS, há diversos serviços que a Prefeitura oferece focados em mulheres. Entre eles há o método anticoncepcional, chamado implanon. Ano passado, na rede de saúde pública municipal, tivemos a colocação de 86 mil desses implantes em pacientes. E fizemos uma ampliação grande desse serviço na cidade, o que possibilitou que chegássemos, pelo 2º ano consecutivo, à redução de 54% da gravidez de meninas abaixo de 14 anos. E esses trabalhos feitos às mulheres nas UBSs, CAPs e UPAs nos mostraram que ainda temos muitas coisas pela frente, mas a cidade de São Paulo avançou muito na saúde da mulher”.

Triste realidade

A Prefeitura também realizou um evento no Vão Livre do Masp para oferecer vagas de emprego exclusivas para mulheres, além de oficinas e palestras sobre empreendedorismo e cursos de qualificação.

Segundo Nunes, trata-se de uma das várias ações que são necessárias para valorizar a mulher e suas infinitas capacidades. No entanto, o prefeito explicou que um dos maiores desafios do governo é o combate à violência doméstica e feminicídio.

“Quando falamos de valorizar a mulher, são fundamentais ações contundentes de combate à violência. O meu sonho, assim como o de muitas pessoas, é que não houvesse 2,2 mil mulheres atendidas no programa ‘Guardiã Maria da Penha’, da Guarda Civil Metropolitana, que, apenas em 2023, fez mais de 3 mil visitas às vítimas, que contam com medidas protetivas e a GCM fica em alerta caso o agressor se aproximar”.

E acrescentou: “São mais de 2 mil mulheres vitimadas, mas o ideal seria não haver nenhuma. Além disso, existem 1,7 mil mulheres vítimas de violência que recebem auxílio aluguel pela Secretaria de Direitos Humanos, sendo que no melhor cenário, não deveria haver nenhuma vítima. Também fornecemos cerca de 1,2 mil cartas de créditos para nossas mulheres que foram agredidas que estão na fila habitacional da Cohab, mas gostaríamos que não existissem mulheres nessas condições”.

Ricardo Nunes também celebrou a aprovação de um projeto na Câmara Municipal pensado no amparo aos órfãos de mulheres vítimas de feminicídio.

“A ideia é que esses individuos possam, desde 1 dia de idade até 18 anos, ou até 24 anos caso estiver estudando, receber um auxílio mensal da Prefeitura para poder viver em boas condições, já que perderam suas mães em situações graves”.

Também sancionamos um projeto no qual a Prefeitura se dispõe a dar assistência psicológica às mulheres vítimas de violência. Enfim, trata-se de um conjunto de ações para aprimorar o atendimento às mulheres. A Prefeitura está fazendo o seu papel, com tantas secretarias e outras profissionais que nos ajudam, nós temos atualmente um número de secretarias que nunca tivemos em nossa história. E esse conjunto de ações vem funcionado por causa dessa grande quantidade de mulheres que estão colaborando”.

"O cenário é avassalador"

O evento contou com a participação de várias representantes do Judiciário de São Paulo, entre elas a Promotora de Justiça Fabíola Sucasas Negrão Covas, que subiu à tribuna para falar sobre o Dia Internacional da Mulher.

“Em meus 25 anos de Ministério Público, passei a ter lágrimas nos olhos não apenas por causa das dores, mas pelo simbolismo, pois a defesa dos direitos das mulheres também é a defesa dos direitos humanos. Quando falamos de lágrimas, estamos nos referindo à empatia, em se colocar no lugar do outro, é isso que significa o 8 de Março”.

Para a promotora, a celebração deve ser vista não como a necessidade de presentear mulheres com flores e chocolates, mas como a oportunidade de repensar valores, em favor da igualdade entre os gêneros.

“Por muito tempo essa data foi confundida com flores, mas desta vez, a ocasião se coloca em uma narrativa potente. Instituída pela ONU na década de 1970, a data passou a lembrar as conquistas do gênero e as ações para o alcance da igualdade de gênero. Mas agora, essa pauta está na boca do povo. Mas esse compromisso permanece vivo, porque, embora seja sustentado por tratados internacionais, o direito à igualdade de gênero que constitui como primado básico da nossa Constituição, ainda enfrentamos problemas gerados pela desigualdade de gênero, que são preocupantes”.

Em seu discurso, a promotora apontou para levantamentos que ilustram os maiores obstáculos para alcançar a igualdade de gênero que, em sua maioria, estão na representatividade política e na questão econômica.

Segundo ela, o Fórum Econômico Mundial apresentou um estudo assustador, que ressalta que a expectativa para a igualdade entre homens e mulheres aumentou de 100 anos para 140 anos.

Na última semana, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou uma pesquisa que afirma que o cenário do agravamento da violência contra mulher é avassalador, pois mais de 18 milhões sofreram violência física, psicológica ou sexual no ano passado, com 50,9 mil casos por dia, o que que equivale diariamente a um estádio de futebol lotado.

Já o Atlas da Violência também reforçou que a violência intrafamiliar cresceu nos últimos 4 anos, puxada pelo aumento de feminicídios e estupros, principalmente de meninas em suas casas.

“Temos a ambição da interseccionalidade, de compreender o racismo que perpassa por esses números, a conscientização do corpo, da orientação sexual, da identidade de gênero e das mulheres representadas em suas diversas identidades”, disse Fabíola.

“Esse 2023 do pós pandemia nos mostra um grande desafio, porque nesse ano, enquanto nós podemos comemorar as leis que são construídas, convivemos um movimento que serve para calar nossas vozes. Isso caminha com a confusão sobre sororidade, gênero e feminismo. E como a mulher se relaciona com esses conceitos”.

“A nossa responsabilidade é por nossas Marias que clamam por socorro, por proteção e dignidade. Por aquelas que foram e que virão. Além disso, a educação precisa se mobilizar, porque esses números não deveriam estar na alturas. Se temos uma Lei Maria da Penha, que completará 17 anos, por que esses dados aumentam e mais mulheres morrem? Alguma coisa está errada com nossa educação”.

Homenageadas

Mulheres
Imagem: divulgação/REDE CÂMARA SP

Entre as mulheres que foram homenageadas na sessão solente, estão primeira-dama da cidade, Regina Nunes; Sueli Carneiro, pela vereadora Elaine do Quilombo (PSOL); a primeira-dama do Estado Cristiane Freitas, pelo vereador Sansão Pereira (REPUBLICANOS); Silvia Osso, pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB); Iya Cláudia Rosa, pela vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL); Maria Arminda Gonçalves Pinto, pela Presidência da Câmara; a Subinspetora Berenice Fatima dos Santos, pela GCM (Guarda Civil Metropolitana); a Cabo Lídia Pereira dos Santos, pela PM (Polícia Militar).

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