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Luto

Papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos

O Vaticano anunciou a morte na manhã deste sábado (31)

Ainda nesta semana, o Papa Francisco já tinha pedido orações e afirmado que o amigo estava "muito doente" - Imagem: reprodução/Twitter @belemtransito
Ainda nesta semana, o Papa Francisco já tinha pedido orações e afirmado que o amigo estava "muito doente" - Imagem: reprodução/Twitter @belemtransito

Thais Bueno Publicado em 31/12/2022, às 08h12


O Papa emérito Bento XVI faleceu na manhã deste sábado (31) aos 95 anos de idade, depois de, nos últimos dias, sofrer uma piora em seu quadro de saúde, que já estava bastante debilitado.

A morte do Papa foi informada pelo Vaticano através de comunicado no Twitter. "É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano. Mais informações serão fornecidas o mais breve possível".

A causa da morte ainda não foi revelada.

Com o passar do tempo, o estado de saúde do pontífice de nome Joseph Ratzinger piorou. No último Natal, sua saúde já estava bastante debilitada por problemas respiratórios. Ainda nesta semana, o Papa Francisco já tinha pedido orações e afirmado que o amigo estava "muito doente"

Na última sexta-feira (30), o próprio Vaticano tinha se pronunciado e publicado um comunicado que a condição do Papa emérito era grave, mas estável, e que ele tinha atenção médica constante.

Desde a renúncia, o teólogo alemão vivia em um pequeno mosteiro no Vaticano.

Alguns eventos marcaram os oito anos em que o Papa Bento XVI comandou a Igreja Católica: apesar da renúncia ao papado ter sido o momento mais marcante, ele também ficou conhecido por seus textos teológicos de fôlego, pela linha conservadora nas questões morais, e por escândalos de disputas políticas e vazamentos de documentos do Vaticano (Vatileaks).

"Houve tempos difíceis, mas sempre Deus me guiou e me ajudou a sair, de modo que eu pudesse continuar o meu caminho", afirmou Joseph Ratzinger em seu aniversário de 90 anos.

Renúncia

Para quem não se lembra, o Papa Bento XVI renunciou ao papado no dia 10 de fevereiro de 2013 e deixou o mundo em choque com a surpreendente atitude.

O anúncio foi feito em latim durante uma reunião rotineira com os cardeais presentes em Roma. Vale mencionar que diversos papas já chegaram a cogitar a renúncia por motivos de saúde, como Paulo VI e João Paulo II; porém, nenhum deles havia concluído a decisão. 

A justificativa utilizada pelo Papa Bento XVI ao anunciar sua renúncia, aos 85 anos de idade, foi a falta de forças na mente e no corpo.

"No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do ânimo, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu, de modo tal a ter que reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado".

O comandante da Igreja Católica por 8 anos teve uma diferença em relação a outros papas que renunciaram no passado: ele deixou o cargo de forma consciente e voluntária pois concluiu que não tinha mais forças para governar. 

Bento XVI, por escolha própria, tornou-se o primeiro Papa Emérito da história. Mesmo após renunciar, continuava se vestindo de branco e não renunciou à vida no Vaticano, protegida de holofotes e multidões.

Contudo, ele adotou um estilo de vida um tanto simples e, embora tenha feito algumas aparições públicas e comentários teológicos publicados por escrito, ficou isolado na maior parte do tempo.

Vatileaks

O Vatileaks fez com que muitos ainda duvidem do real motivo por trás da renúncia do Papa Bento XVI. A motivação alegada por ele foi a falta de forças, mas muitos apontam que poderia ter sido o vazamento de documentos do Vaticano.

O próprio Joseph Joseph Ratzinger já contou que a decisão foi tomada após sua viagem ao México, em março de 2012, quando levou uma queda e sentiu "o peso da idade" em um voo de um país para outro.

O Vatileaks expôs diversos escândalos da Igreja Católica, principalmente na polêmica forma de como o Vaticano vinha sendo conduzido, com problemas como corrupção, desvios de dinheiro, condutas sexuais contrárias ao ensinamento da Igreja e jogos de poder.

Na época, Paolo Gabriele, mordomo e um dos colaboradores mais próximos ao Papa Bento XVI, foi condenado por ter vazado documentos pessoais do pontífice para o jornalista Gianluigi Nuzzi. Depois de ter sido preso e julgado, Gabriele foi perdoado por Bento XVI e continuou trabalhando no Vaticano, mas em outra função.

O mordomo teria explicado que sua intenção era levar a público os escândalos para ajudar o Papa. Ele foi o único a ser condenado.

Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI, já ressaltou que o Papa emérito Bento XVI não renunciou por conta do Vatileaks. "É bom que eu diga com toda a clareza que o Papa Bento, no fim, não renunciou por causa do pobre e mal dirigido ajudante de quarto [o mordomo Paolo Gabriele]".

"Aquele escândalo era pequeno demais para uma coisa do gênero. Foi muito maior o bem ponderado passo de grandeza histórica milenar que Bento XVI realizou", finalizou.

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