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COLUNA

Junho, mês do orgulho LGBTQIAPN+

Fachada do Stonewall Inn, em Nova York - Imagem: Reprodução | portal sindmetalsjc.org.br/
Fachada do Stonewall Inn, em Nova York - Imagem: Reprodução | portal sindmetalsjc.org.br/
Fabiana Sarmento de Sena Angerami

por Fabiana Sarmento de Sena Angerami

Publicado em 03/07/2024, às 06h00


No dia 28 de junho é comemorado o dia internacional do orgulho LGBTQIAPN+.

Esta data é comemorada em razão da chamada revolta ou rebelião de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969 na cidade de Nova York. Na ocasião, frequentadores de um dos mais populares bares gays da cidade, o Stonewall Inn, se revoltaram contra uma ação violenta da polícia em face dos frequentadores do local (população LGBT), o que era frequente na época.

Como bem colocado em matéria sobre o tema na Agência Brasil, o evento de Stonewall não pode ser considerado como o primeiro evento a lutar pelos direitos da população LGBT, nem o mais importante, uma vez que essa luta tem início anos antes e em diversos locais do Mundo.

No entanto, o protagonismo americano fez com que a resistência de Stonewall passasse a ser considerada como um marco na busca pelos diretos e garantias LGBTQIAPN+, não apenas nos EUA, mas em diversos locais do Mundo, como o Brasil.

Não se pode negar que essa população vem sofrendo ao longo dos anos uma série de preconceitos, restrições de direitos e falta de empatia por uma série de setores da sociedade civil e do próprio poder público.

Também não se pode cerrar os olhos para o fato de que o evento de Stonewall se dá em razão de uma operação policial violenta, polícia essa que deveria proteger e garantir os direitos individuais e coletivos de todas as pessoas de maneira irrestrita.

Neste contexto, no que se refere a polícia brasileira, não se pode deslembrar de suas raízes truculentas, impositivas e machistas, fruto de um recente período ditatorial.
Contudo, especialmente após a Constituição de 1988, as policias vêm, dia a dia, se desprendendo do ranço do preconceito e das verdades absolutas, em vertiginoso e patente aprimoramento profissional, com foco na observância  incondicional aos princípios da legalidade e da dignidade da pessoa humana.

A título de exemplo, a Polícia Civil do Estado de São Paulo vem, por meio de sua Academia de Polícia, investindo na formação dos novos policiais, bem como no treinamento dos policiais da ativa, no sentido de que os mesmos tenham amplo conhecimento da legislação que confere direitos e garantias às pessoas em estado de vulnerabilidade, as chamadas minorias, assim como para   todos que buscam o reconhecimento de direitos e necessidades específicas, como a população LGBTQIAPN+.

Mas não é só! Além do aprimoramento legal, a polícia busca sua continua evolução por meio da capacitação no que se refere ao atendimento especializado (respeito a nomenclatura com a qual as pessoas se identificam e como se autodenominam), além de acolhimento dessas pessoas.

Historicamente as pessoas têm dificuldades em aceitar o que é diferente, o que é diverso de padrões preestabelecidos ou dogmas consolidados.  Talvez, por medo do novo, do desconhecido, da mudança, ou, quem sabe, por simples comodismo ou conveniência.

Contudo o novo sempre chega, sempre vem e ocupa seus espaços.

E em meio a essa volatilidade é de bom alvitre lembrar que a polícia é constituída de membros da sociedade, dessa mesma sociedade que se transforma e se reinventa ininterruptamente, aprendendo e reaprendendo com seus acertos e desacertos.

O dia 28 de junho não deve, portanto, ser considerado apenas como um marco do orgulho LGBTQIAPN+, mas uma data de reflexão, para que não nos esqueçamos que somos seres humanos e fazemos parte de instituições em singela evolução, que precisam de constantes lições e experiências para alcançar uma vida em sociedade mais harmônica; o que só pode ser concretizado por meio do respeito e convivência com todas as formas de diversidade.

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