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Medo da nova onda da Covid 19. Como fica a saúde mental das pessoas?

Por Dra. Marilene Kehdi*

Medo da nova onda da Covid 19. Como fica a saúde mental das pessoas?
Medo da nova onda da Covid 19. Como fica a saúde mental das pessoas?

Redação Publicado em 31/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 11h46


Por Dra. Marilene Kehdi*

Medo da nova onda da Covid 19.

Como fica a saúde mental das pessoas?

A pandemia da Covid-19 e todas as suas consequências causaram (em maior ou menor grau) um impacto na saúde mental das pessoas de todas as idades. Houve um aumento expressivo nos níveis de estresse, ansiedade, medo, preocupação, tristeza e depressão, entre outros distúrbios. Pessoas que já eram portadoras de algum transtorno mental de base sentiram os sintomas se acentuarem neste período, enquanto outras que não apresentavam nenhum transtorno desenvolveram alguns distúrbios como a ansiedade e a depressão.

O índice de pessoas com depressão tem aumentado, caracterizando uma espécie de “pandemia paralela”, o que é bastante preocupante. A depressão é uma doença grave que necessita de acompanhamento médico e psicológico. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, melhores são as perspectivas. O estresse causado pela pandemia e por todos seus reflexos tende a reverberar por muito tempo na saúde mental e, quanto mais à pandemia se prolonga, mais os sintomas se consolidam e até se acentuam. As pessoas estão vivendo num estado permanente de ansiedade. Mesmo os sintomas aparentemente mais leves também merecem atenção. Sentimento de insegurança financeira ou falta de esperança no futuro, e até mesmo dificuldades cognitivas decorrentes da perda da saúde mental, podem repercutir na vida profissional levando a uma queda de rendimento e limitação dos resultados obtidos.

Uma nova onda de casos de covid e suas variantes têm causado muita preocupação, incertezas, insegurança e medo. Uma das funções do medo é a preservação da vida. A presença do medo nos torna mais alerta, cauteloso e prudente, nos induz a evitar riscos, inclusive com a saúde. E, no contexto da pandemia, nos leva a adotar medidas como uso de máscaras e distanciamento social. Entretanto, quando em excesso, o medo é patológico e paralisante, podendo desencadear crises de ansiedade, de pânico e evoluir para a depressão, tornando-se imprescindível lançar mão de tratamento especializado da área da saúde mental. É preciso estar atento e não subestimar nenhum sinal e sintoma indicativo de que a saúde mental não está bem e buscar ajuda especializado o mais rápido possível.

Alguns sintomas e sinais de que a saúde mental não está bem: estresse, ansiedade, medo excessivo; exaustão física e mental, alterações no humor, distúrbios do sono, distúrbios alimentares, irritabilidade, crises de pânico, tristeza permanente, choro frequente sem causa específica. Alguns sintomas físicos persistentes como: dor de cabeça, dor no corpo, tensão muscular, alterações gastrointestinais, gastrite, problemas de pele, alergias, entre outros.

O ser humano foi feito para viver em sociedade e a necessidade do isolamento social para conter a pandemia também repercutiu muito na saúde mental das pessoas. Retomar o contato com pessoas de fora do entorno e recuperar o traquejo social tem causado muita ansiedade nesse momento, mas que pode ser superada gradativamente. É importante enfatizar também a questão do luto. Foram muitas perdas trágicas, rápidas e inesperadas para a Covid-19. Devido às medidas sanitárias, esses enlutados não puderam se despedir de seus entes queridos como desejavam, vivenciando um sofrimento ainda maior, tornando-se ainda mais difícil superar e elaborar a perda, o que requer tratamento especializado.

A nova rotina imposta pela pandemia também causou uma sobrecarga de atividades, especialmente para as mulheres, o que impactou a saúde física e mental da maioria. Respeitar os próprios limites, organizar e dividir as tarefas, pedir ajuda quando necessário, manter o autocuidado com atividades que dão prazer e proporcionam bem estar e relaxamento são medidas que favorecem muito a saúde e ajudam a manter o equilíbrio emocional. A pandemia reforça a necessidade do autocuidado.

É necessário buscar um estilo de vida que seja o menos estressante possível, priorizando comportamentos e atitudes que reduzam a ansiedade, identificando e evitando seus gatilhos. Uma rotina organizada, com horários para acordar, dormir, trabalhar, fazer as refeições, com momentos de lazer e de saudável convivência familiar, com tempo reservado para atividades prazerosas como cuidar das plantas e dos pets, para entrar em contato com a natureza e exercitar-se, pode ser extremamente gratificante e muito mais saudável. Quanto maior o contato com a natureza, maiores os benefícios para a saúde mental. Outra atitude importante é evitar o excesso de informações e notícias que causam estresse e aumentam os níveis de medo. Mantenha o foco no essencial para entender o que está acontecendo e saber como se preservar, mas não ultrapasse os seus limites. Busque ajuda profissional sempre que necessário.

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*Marilene Kehdi
Pós-graduada em Psicossomática e Psicopatologia, Geriatria e Gerontologia Social, com aprimoramento em Psicologia Hospitalar, Neuropsicologia, Psicofarmacologia e Saúde Mental. É autora de sete livros e fundadora do site PSICODICAS.  Suas obras, “Um Convite à Felicidade”, “Vivendo e Compreendendo”, “Conquiste Uma Vida Mais Saudável”, “Organize Suas Emoções e Ganhe Qualidade de Vida”, “Faça, Aconteça e Realize!”, “Um Novo Estilo de Vida!” e “Emoções, Situações e Soluções”, apresentam um novo conceito da autoajuda, as quais mostram aos leitores como interpretar as emoções e conflitos internos para que atinjam o equilíbrio emocional e ter uma vida mais saudável.
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