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Setembro Amarelo

“Setembro Amarelo” é uma campanha que visa sensibilizar e conscientizar toda a população sobre o suicídio

Setembro Amarelo. - Imagem: Freepik
Setembro Amarelo. - Imagem: Freepik

Marilene Kehdi Publicado em 12/09/2022, às 10h42


O suicídio acomete pessoas de todas as idades e níveis sociais, e está entre as três principais
causas de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos.
Esta campanha busca evidenciar que o diálogo e a informação são as melhores alternativas
de prevenção ao suicídio, e a extensa divulgação pela mídia, debates, círculos de conversas e
palestras cooperam neste sentido.
Para preservar vidas é fundamental falar sobre suicídio, sem tabu, sem estigmas...
A pessoa que pensa em tirar a própria vida não tem como objetivo a morte em si, mas sim,
acabar com o próprio sofrimento e, infelizmente, só consegue enxergar este alívio neste
gesto extremo.
As causas do suicídio são múltiplas e complexas, sendo a depressão uma das principais
motivações associada a outros fatores de risco, entre eles: separações conturbadas,
divórcios, problemas financeiros, falência, luto (perdas significativas), tentativa anterior de
suicídio, conflitos familiares, bullying, ciberbullying, traumas, ser vítima de abuso sexual.
Quanto mais tempo uma pessoa permanece em depressão, maior a chance de surgirem
pensamentos suicidas. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento da doença são
fundamentais. Depressão não é frescura e não é preguiça, é uma doença crônica grave, que
necessita de tratamento médico e psicológico.
Existem suicídios por impulso, mas são raros. A grande maioria dos suicídios são pensados e
planejados e por isso podem ser evitados.
Nem sempre quem pensa em tirar a própria vida sinaliza de forma significativa, mas muitos
dão sinais que, muitas vezes, não são reconhecidos por falta de conhecimento de quem
convive com a pessoa. Daí a importância de conhecer os sinais de alerta para identificá-los e
ajudar a pessoa a afastar definitivamente esse pensamento.
Para dissuadir um possível suicida, converse com ele. Mostre-se interessado em ajudá-lo a
resolver seus problemas e conflitos. Conquiste sua confiança, estabeleça um vínculo que o
leve a se abrir com você, tenha uma escuta empática, sem julgamentos. Encoraje-o a buscar
tratamento especializado. Se tratar-se de amigo, sem nenhum grau de parentesco com você,
busque contato com a família dele (pais ou responsáveis) e oriente-os a levá-lo para um
tratamento especializado.

Lembre-se: essa pessoa está em sofrimento profundo, em desespero. Toda ajuda é vital.
Alguns sinais de alerta:

  • Ter algum transtorno mental como depressão ou transtorno afetivo do humor bipolar
    ou outro transtorno.
  • Histórico familiar de suicídio.
  • Sintomas persistentes de tristeza, solidão, isolamento, desesperança, culpa e
    impotência.
  • Considerar-se uma pessoa sem nenhum valor.
  • Vício em álcool ou drogas.
  • Apresentar comportamento de risco e um convívio social conturbado. Muita
    dificuldade para se relacionar com familiares e amigos.
  • Ter um discurso pessimista da vida.
  • Já ter tentado suicídio anteriormente.
  • Falar sobre morte ou suicídio. Verbalizar que se morrer vai ser melhor para todos.
  • Autolesão (comportamentos autodestrutivos).
  • Apresentar transtorno de comportamento pelo uso de substâncias psicoativas (álcool
    e drogas).
  • Ter doenças físicas crônicas, limitantes e dolorosas.

Uma pessoa em sofrimento precisa de acolhimento. Toda vida é valiosa, todo problema tem solução e sempre haverá alguém pronto para ouvi-lo,
entendê-lo e ajudá-lo.
O CVV – Centro de Valorização da Vida é uma alternativa para aqueles que buscam alguém
com quem conversar pessoalmente (são 120 postos de atendimento) ou por telefone (o
número 188 atende 24 horas e sem custo de ligação).

Sobre o autor

Marilene Kehdi é psicóloga, escritora (autora de 7 livros), palestrante e fundadora do Portal PSICODICAS. Especialista em atendimento clínico, Pós-graduada em Psicossomática e Psicopatologia, com aprimoramento em Geriatria e Gerontologia Social, Psicologia Hospitalar, Neuropsicologia, Psicofarmacologia e Saúde Mental.

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