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Negligência Médica

Menina de 7 anos morre de dengue hemorrágica

A mãe da menina afirmou que um médico chegou a dizer que a menina estava "apenas dengosa"

A mãe da menina afirmou um médico chegou a dizer que a menina estava "apenas dengosa" - Imagem: Reprodução/Instagram @camilinha_isaac
A mãe da menina afirmou um médico chegou a dizer que a menina estava "apenas dengosa" - Imagem: Reprodução/Instagram @camilinha_isaac

Ana Rodrigues Publicado em 28/11/2023, às 12h07


Esse mês, uma garota de 7 anos morreu de dengue hemorrágica em Brasília, dois dias após seu aniversário. A mãe de Pietra Isaac, Camila, afirmou que houve negligência e que, um médico chegou a dizer que a menina estava "apenas dengosa" antes de libera-la para o tratamento em casa.

Em entrevista, Camila afirmou ao UOL, essa informação.

O médico disse que ela estava dengosa e que dengue se tratava em casa, com hidratação e repouso".

A mãe de Pietra ainda relatou que a menina foi levada inicialmente ao hospital particular Daher, no Lago Sul (DF), no dia 14, com sintomas como dores nas costas, falta de apetite e febre chegando a 39,9°C.

Ainda segundo Camila, o primeiro médico tratou o caso como bronquite, já em estágio final. Após a troca de plantão, outra equipe passou a examinar Pietra. A mãe já suspeitava de que a criança podia estar com dengue, mas a médica prescreveu medicamentos para tratar assim, uma susporta virose e bronquite aguda.

Na quarta-feira (15), era aniversário da menina. A mãe chegou a comprar um diário com chave para a filha, que tinha apresentado uma melhora na febre. A menina chegou a escrever no caderno "A Pietra quer melhorar".

Ela estava um pouco mais disposta, mas continuava a reclamar de dores no abdômen. Decidi retornar ao hospital Daher com ela. Ao chegar lá, com a intensidade das dores, Pietra pediu uma cadeira de rodas. Nesse atendimento, outra médica a examinou e afirmou categoricamente que não se tratava de virose, mas sim de dengue, e propôs a internação da Pietra, explicando que o hospital Daher não possuía internação pediátrica. E disse que, enquanto ela recebia soro e fazia os exames ali, eu deveria ir ao HMIB (Hospital Materno Infantil de Brasília), que seria o melhor local para os cuidados necessários", contou a mãe.

Ainda no hospital Daher, um novo médico assumiu a paciente. A mãe afirma que ele apenas ignorou os sintomas da filha e chegou a sugerir que ela estava com gases e só depois, após fazer novos exames, foi confirmada a dengue e ainda assim, a menina foi mandada para casa.

O médico disse: 'Mãezinha, sua filha está dengosa duas vezes, dengo e dengue, e dengue se trata em casa'", relatou a mãe.

Ele ainda disse que o remédio era repouso absoluto e hidratação com soro, água de coco e suco.

Camila e a filha então, voltaram para casa. Porém, após uma hora, Pietra teria começado a gritar de dor.

Ela disse: 'Mamãe, por que Deus não me escuta e tira a minha dor?'", afirmou Camila.

Já desesperada, Camila levou Pietra para o HMIB na madrugada do dia 16. E, a condição da menina piorou, onde Pietra vomitou sangue e desmaiando. E, ainda assim, o atendimento demorou, pois os médicos estavam ocupados com um caso crítico. Onde, o caso também foi tratado como dengue.

Pietra foi submetida a exames, transferida para a semi UTI, mas sua condição continuou a piorar. A equipe médica diagnosticou uma infecção generalizada. Minha filha foi levada às pressas para a UTI, onde recebeu uma série de medicações para estabilizar seus sinais vitais. Pietra foi entubada, tomou um total de 11 medicações para estabilizar a pressão, saturação e coração, mas no dia 17, ela faleceu", falou Camila.

Agora, Camila Isaac diz que irá à Justiça contra o hospital particular em que a filha foi levada inicialmente.

Vou lutar por isso, vou salvar outras vidas. A dengue mata e vai continuar matando muita gente. Existe vacina e quase ninguém sabe. Nunca na minha vida imaginei passar por isso. Foi um pedaço de mim, estou tentando juntar os meus caquinhos. Lembro quando ela dizia 'obrigada por cuidar tão bem de mim' e me abraçava", finalizou Camila.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que Pietra chegou em estado grave ao HMIB, sendo prontamente atendida. Ela foi direto para a sala amarela, onde fez procedimentos e exames e foi levada para UTI. A pasta disse que, diante a gravidade do quadro, ela morreu no final da tarde do dia 17.

A Secretaria de Saúde informa, também, que o comitê de óbito ainda está investigando a causa da morte e possui um prazo para divulgá-la. A pasta esclarece que está dentro deste prazo e deve informar o resultado nos próximos dias", dizia a nota.

O texto ainda afirmou que toda morte notificada por suspeita de dengue tem o prazo de investigação de até 60 dias. Uma amostra foi enviada para análise.

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