Os dados foram disponibilizados através da Lei de Acesso À Informação
Mateus Omena Publicado em 12/01/2023, às 11h25
O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, gastou R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022 no seu cartão corporativo, segundo as planilhas que se tornaram públicas nesta quinta-feira (12).
Durante sua gestão, foram gastos R$ 8,6 mil no cartão corporativo apenas para comprar sorvetes. Os dados foram disponibilizados através da LAI (Lei de Acesso À Informação) à Agência Fiquem Sabendo.
Entre os outros destaques, estão os gastos com hospedagem, a maior fatia do que foi comprado com o cartão.
Segundo o histórico de compras, no total, foram R$ 13,7 milhões gastos com hotéis. Apenas no Ferraretto Hotel, no Guarujá, cidade do litoral paulista, foi pago R$ 1,4 milhão
Em relação à alimentação, outra parcela significativa nos gastos gerais do cartão - R$ 10,2 milhões -, se destacam:
De acordo com o portal UOL, os gastos foram publicados após uma solicitação feita pela agência Fiquem Sabendo por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).
Durante seu mandato, Jair Bolsonaro afirmava que deixaria os valores em sigilo até o fim de seu governo, seguindo um trecho da própria lei.
Desse modo, o fato dos gastos estarem públicos não se relaciona, em tese, com os "sigilos de 100 anos" de Bolsonaro, contestados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em pedido feito à CGU (Controladoria-Geral da União) no dia da posse.
Após a revelação dos gastos, políticos aliados ao governo Lula criticaram o ex-presidente pelas despesas “desnecessárias” e supérfluos, principalmente com hospedagem em hotéis, sorvetes e até cosméticos.
HAJA LEITE CONDENSADO! Com a quebra do sigilo, descobrimos que Bolsonaro gastou R$ 1,46 milhão em um ÚNICO hotel e R$ 362 mil em uma mesma padaria com o cartão corporativo. Dava pra pagar estadia por 8 ANOS em diárias! O "homem simples" era o maior vagabundo mamateiro do país!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) January 12, 2023
Nas redes sociais, os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP), Rogério Correia (PT-MG) e André Janones (Avante-MG), além do deputado estadual eleito Leonel Radde (PT-RS) repercutiram os valores e ironizaram: "Haja leite condensado".
Em um país onde metade da população vive em insegurança alimentar, o ex presidente Jair Bolsonaro se sentia a vontade em gastar milhões no cartão corporativo com hotéis de luxo e doces na padaria 👍
— André Janones (@AndreJanonesAdv) January 12, 2023
Os cartões corporativos são usados pelo chefe do governo federal, seguindo as regulamentações do Decreto nº 5.355/2005.
O cartão deve ser utilizado para "pagamento das despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços, nos estritos termos da legislação vigente".
Portal da Transparência informa que o uso do cartão não implica obrigatoriedade de licitação, mas devem seguir "os mesmos princípios que regem a Administração Pública - legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como o princípio da isonomia e da aquisição mais vantajosa".
Assim não é ilegal utilizar o cartão corporativo para comprar itens de alimentação, até mesmo sorvetes.
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