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Flávio Bolsonaro minimiza escândalo das joias: “Podia ser um copo de água no pacote”

O Senador afirmou que a tentativa de liberar as peças na Receita Federal foi feita por ajudante e não pelo pai

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - Imagem: reprodução/Facebook
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 20/03/2023, às 15h29


Em uma declaração, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez 'pouco caso' sobre o escândalo das joias sauditas que envolve diretamente seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro

A fala do político repercutiu nesta segunda-feira (20), após uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Para ele, a tentativa do pai de trazer ilegalmente joias avaliadas em R$ 16,5 milhões ao Brasil é apenas uma ‘coisa tão pequena’ que estaria sendo ampliada pela imprensa.

“Ninguém sabia o que tinha lá dentro. Podia ser um copo de água, ninguém sabia. E se tivesse má-fé, ninguém ia fazer o trajeto de passar pelo raio-x da Receita, não ia trazer num voo comercial”, defendeu.

Em seguida, ele voltou a minimizar importância do caso: “O que ele [Bolsonaro] não explicou [sobre as joias]? É uma coisa tão pequena. É uma forçação de barra para desviar dos reais problemas do Brasil. Ele preferiu ignorar. Deixa as autoridades investigarem à vontade”.

O senador afirmou que o pai não teria agido pessoalmente para tentar liberar as joias na Receita Federal, mas, na verdade, a ação foi feita por seu ajudante de ordens. Na entrevista, o senador ignora a conversa telefônica entre o ex-presidente e o ex-chefe da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes que teve como pauta a liberação dos itens.

Segundo o jornal Carta Capital, a ação de Mauro Cid, ajudante de ordens, dificilmente ocorreria sem o aval do ex-capitão.

Em relação ao segundo pacote de joias, avaliado em R$ 500 mil e mantidas por Bolsonaro no seu acervo pessoal, Flávio negou a existência de qualquer irregularidade. Ele defendeu que o entendimento do TCU sobre o que poderia ficar em posse do ex-presidente era vago.

“A lei é vaga. Tanto é vaga que o TCU está dizendo que tem que haver uma mudança legal para deixar com critérios objetivos”, defendeu o parlamentar. Na semana passada, porém, o TCU reforçou entendimento antigo e determinou que Bolsonaro devolva os itens. Uma avaliação completa do acervo também será executada.

À Folha, Flávio Bolsonaro também explicou que o processo que pode tornar Bolsonaro inelegível – em estado bastante avançado no TSE – é, na sua visão, um abuso.

“São ações políticas. Eu confio que o Judiciário não vai se deixar contaminar. Se isso [inelegibilidade] acontecesse, seria a maior atrocidade das últimas décadas. Não tem razão de você querer tirar na canetada uma pessoa que claramente representa grande parte da sociedade. Isso é interferir na democracia”, defendeu.

Para ele, a prisão de Bolsonaro ou ação de torná-lo inelegível seria fazer com que o ex-capitão se tornasse um mártir da direita capaz de eleger qualquer apadrinhado.

“Se chegar a esse ponto [inelegibilidade], o Bolsonaro seria o maior cabo eleitoral da história do Brasil. Eu acho que com muito mais força até do que o nome dele sendo colocado. Porque o brasileiro tem isso de se solidarizar com quem sofreu uma injustiça”, repetiu.

Em seguida, Flávio manifestou sua preocupação que Bolsonaro seja morto ao retornar ao Brasil. De acordo com o senador, o receio de um atentado seria maior do que o de ser preso ou ficar inelegível.

“Nossa preocupação maior não é com a prisão dele ou com a inelegibilidade, porque não tem motivo nenhum para isso. Agora, como ele está com a segurança dele reduzida, eu tenho essa preocupação, como filho, de alguém atentar contra a vida dele mais uma vez. Tenho medo de matarem ele”.

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