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Meio Ambiente

COP 27: Lula propõe união entre países para combate da fome e mudanças climáticas

O presidente eleito também disse que vai propor à ONU que a COP 30 seja sediada no Brasil

Lula desembarcou no Egito na última segunda-feira (14) - Imagem: reprodução/Facebook
Lula desembarcou no Egito na última segunda-feira (14) - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 16/11/2022, às 16h29


Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quarta-feira (16) na COP 27, no Egito, marcando sua primeira participação em um evento internacional como presidente eleito.

Ele foi convidado pelo presidente do país africano, Abdel Fatah al-Sissi, logo após o resultado do 2º turno das eleições. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não viajou para a Cúpula do Clima.

Em sua fala, Lula propôs uma aliança global para combater a fome não apenas no Brasil, como também em todo o mundo. Ao levantar esse desafio, o petista cobrou dos países ricos um esforço para cumprir a promessa de enfrentar os efeitos das mudanças climáticas nas nações mais pobres.

Para o político, "a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo."

Ele também criticou os gastos com guerras enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo. Diante da situação, ele pediu por uma união global para enfrentamento da "tragédia climática".

"O planeta que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer”, declarou Lula.

O petista reforçou que "ninguém está a salvo" das mudanças climáticas, no entanto efeitos do aquecimento global recaem "com maior intensidade sobre os mais vulneráveis”.

Logo, cobrou dos países mais ricos medidas emergênciais, como a aplicação de recursos para ajudar os países em desenvolvimento a superarem os efeitos causados pelas mudanças climáticas.

"Eu queria lembrar a vocês que em 2009 os países presentes na COP 15, em Copenhagen, se comprometeram em mobilizar 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 - portanto, já passaram-se dois anos - para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática. Então, eu não sei quantos representantes de países ricos têm aqui, mas eu quero dizer que a minha volta também é para cobrar aquilo que foi prometido na COP 15. É triste, mas esse compromisso não foi nem está sendo cumprido".

Na manhã desta quarta-feira (16), Lula afirmou que pretende pedir à Organização das Nações Unidas (ONU) para a Amazônia sediar a Conferência do Clima (COP) em 2025.

O objetivo da Cúpula do Clima é discutir as mudanças climáticas e propor ações para a redução de gases do efeito estufa.

Veja a síntese dos temas abordados por Lula em seu discurso:

  • Pediu a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e o fim do privilégio do veto de alguns países;
  • Prometeu esforços para zerar o desmatamento até 2030 e punir garimpo, mineração, extração de madeira e agropecuária indevida;
  • Repudiou gastos de trilhões de dólares em guerras, enquanto 900 milhões passam fome;
    Cobrou países ricos pelo cumprimento dos acordos climáticos e o financiamento de ações ambientais dos países pobres;
  • Criticou o governo de Jair Bolsonaro atual pela devastação do meio ambiente;
  • Anunciou a criação do Ministério dos Povos Originários;
  • Propôs uma Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades;
  • Propôs que o Brasil seja a sede da COP 30, em 2025, na Amazônia;
  • Declarou que o agronegócio será aliado estratégico na busca por agricultura sustentável;
  • Propôs a Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, com Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
    "Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática", disse Lula no discurso.
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