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Injustiça

Caso Sthefanie: barbeira é presa após matar estuprador

Em entrevista exclusiva ao Diário de S.Paulo, a advogada do caso revelou detalhes do processo

Caso Stefanie: barbeira é presa após matar estuprador - Imagem: reprodução redes sociais
Caso Stefanie: barbeira é presa após matar estuprador - Imagem: reprodução redes sociais

Vitória Tedeschi Publicado em 08/11/2022, às 14h57


No último dia 27 de outubro, Sthefanie Marques Ferreira Candido, de 30 anos, foi presa pela morte do idoso Jorge Valentim, de 72, no município de São Lourenço, no sul de Minas Gerais. No entanto, a família de Sthefanie alega que ela foi presa injustamente, pois teria agido em legítima defesa por ser vítima de estupro.

A versão da Polícia Civil de Minas Gerais é de que a mulher teria sido presa em flagrante e, por isso, conduzida ao sistema prisional. Os agentes concluíram o inquérito e indiciaram Stefanie por homicídio, oferendo a denúncia à Justiça pelo Ministério Público.

Conforme o boletim de ocorrência, Sthefanie foi até a casa do idoso, como já tinha feito antes e ele tentou agarrá-la com a intenção de forçar "um ato libidinoso ou a própria conjunção carnal". Assim, ela entrou em luta corporal com o homem e começou a enforcá-lo. Minutos depois, percebeu que ele estava morto.

A barbeira machucou um joelho durante a briga e, então, buscou atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Depois, ela voltou até a casa do idoso para buscar algumas roupas e, em seguida, se escondeu no banheiro da barbearia onde trabalhava. No entanto, acabou presa no local.

O caso ganhou repercussão após a irmã de Sthefanie, Brenda Marques, criar uma conta nas redes sociais em busca de apoio jurídico e financeiro. As advogadas Amanda Scalisse e Juliana Garcia assumiram o caso e revelaram que vão entrar com uma medida para revogação da prisão preventiva.

"A família continua mobilizada, principalmente nas redes sociais, fazendo campanha para que a história da Sthefanie seja divulgada, e pedindo auxílio para que elas possam visitá-la no presídio e para cuidar do caso", afirmou Amanda ao Diário de S.Paulo.

A família também denuncia preconceito no caso. "Sabemos como nossa sociedade trata pessoas negras, pobres, LGBTI e mulheres. Sthefanie sempre teve orgulho de dizer que é uma mulher preta, gorda e sapatão", diz uma das postagem do Instagram.

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A família segue atualizando o perfil @juntospelafanny com novas informações sobre o caso / Imagem: reprodução Instagram

O que diz a defesa

Em entrevista exclusiva ao Diário de S.Paulo, Amanda Scalisse, uma das advogadas responsáveis pelo caso, explica que um pedido de revogação da prisão prisão preventiva já foi enviado para o Juízo Criminal da Vara de São Lourenço, chamando a atenção para o fato de que ela agiu em legítima defesa e de que ela possui bons antecedentes. Sendo assim, sua liberdade não coloca a sociedade em risco. A decisão pode sair a qualquer momento.

A advogada destaca que o depoimento de Sthefanie foi considerado apenas como uma "confissão de homicídio", e que todos os detalhes que ela deu sobre o estupro e maneira como foi violentada pelo idoso foram "completamente ignorados".

"A gente tem chamado a atenção nesse caso para a relativização da palavra da mulher quando ela é vítima de violência sexual. No caso da Sthefanie, isso aconteceu", destaca.

Vale citar, que neste caso houve sim um estupro consumado, e não apenas uma tentativa de estupro. Isso porque, este tipo de violência sexual não precisa de penetração para ser considerado um delito, mas apenas o "ato libidinoso". Dessa forma, fica evidente que Sthefanie agiu em legítima defesa.

"O que nos chamou a atenção no processo é que essa hipótese não estava sendo considerada. Muito pelo contrário, estava sendo ignorada. E não teve nenhuma investigação neste sentido", revelou.

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