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Segurança

Áudios sobre próximos ataques em escolas viralizam no WhatsApp e causam pânico: o que os pais devem fazer?

Em meio a boatos de novos massacres, pais e alunos buscam orientação sobre como devem agir

Ataques escolas SP: o que fazer diante das ameaças? - Imagem: reprodução Freepik
Ataques escolas SP: o que fazer diante das ameaças? - Imagem: reprodução Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 13/04/2023, às 17h59


Após o ataque ocorrido na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, na capital paulista, no dia 27 de março, a Polícia Civil do Estado de São Paulo identificou um aumento de situações que indicam planos de possíveis ataques em escolas, o que vem causando pânico entre pais de alunos.

De acordo com a organização, no período entre os dias 27 e 31 de março, foram registrados 279 casos de supostos massacres em diferentes regiões e instituições de ensino da capital paulista. Mas vale citar que nenhum deles chegou a ser consumado.

O Diário de S.Paulo teve acesso a mensagens de áudio anômimas, disparadas pelo WhatsApp, alertando pais e responsáveis sobre possíveis ataques à escolas e creches da cidade, que fariam parte de um suposto "jogo" online onde circulam desafios incentivando os massacres.

"Tem um jogo de internet que vai ter um desafio dia 12 [de abril] de matar 12 crianças", afirma uma pessoa em um dos áudios.

Eles estão falando que vão invadir escolas dia 12, dia 20 e dia 29 [de abril]. Dia 12 tem que matar 12 crianças de cada escola e creche. Dia 20, 20 crianças e dia 29, 29 crianças", acrescenta outra.

Além dos áudios, circulam também nas redes sociais - em especial no Twitter - desde listas de supostos Estados e escolas onde os ataques poderiam acontecer até perfis de possíveis agressores. Um ponto em comum entre os diversos boatos compartilhados é a ideia de que haveria um ataque em massa em escolas em um mesmo dia.

Em meio a uma atmosfera de medo e incerteza, pais, professores, alunos e diretores de escolas continuam preocupados e em constante "alarme" durante o dia a dia nas unidades de ensino.

"Hoje eu estava no parque e ficava imaginando o que eu faria para proteger as crianças se alguém armado pulasse o muro da escola. Eu via elas ali, espalhadas, brincando e pensava que se acontecesse alguma coisa talvez eu me jogasse em cima da única criança que estava do meu lado", conta uma professora de educação infantil de uma escola da capital, que por segurança pediu para ter sua identidade preservada.

A professora também revelou que diante dos recentes fatos e ameaças, preocupados, os pais de alunos da unidade vem constantemente questionando a direção escolar sobre novas medidas de segurança para evitar ataques.

"Foi enviado um comunicado com novas medidas de segurança durante a entrada e saída de alunos, visita de pais para conhecer a escola e até de novos equipamentos de segurança", acrescenta ela.

O que dizem as autoridades?

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a Polícia Militar está com os laços mais próximos do que nunca com as direções das escolas.

Além disso, 566 policiais militares estão atuando no policiamento realizado no entorno das unidades educacionais, por meio do programa Ronda Escolar, que também estão permanentemente em contato com as direções.

O patrulhamento nas imediações também está sendo feito por policiais a pé e em motocicletas e, em determinadas escolas da cidade, há o reforço do policiamento por meio do programa da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho (Dejem), cuja adesão e solicitação depende da própria escola.

Ainda de acordo com a pasta, todos os casos de ameaça estão sendo investigados e as diretorias das unidades de ensino estão em alerta para qualquer denúncia, que, se confirmada, é tratada em conjunto com a Vara da Infância e Juventude.

Procurada pelo Diário de S.Paulo, a SSP ainda não retornou com um posicionamento oficial do que deve ser feito imediatamente em relação às ameaças supostamente marcadas para dias específicos deste mês. Assim que receber este retorno, a matéria será atualizada.

Apesar disso, vale citar que, durante uma entrevista coletiva na última segunda-feira (10), convocada para discutir sobre a segurança nas escolas, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou que sua pasta está trabalhando para evitar qualquer ocorrência nas datas de supostos ataques citadas nos boatos.

Até lá muitas pessoas vão ser presas, muitas pessoas vão ser responsabilizadas. Muitos perfis serão derrubados, e tenho certeza de que Estados e municípios também estarão mobilizados. E as famílias dos estudantes também", disse Flávio.

O que fazer diante das ameaças?

Na prática, para além do medo, o sentimento que predomina, principalmente entre pais de alunos, é a dúvida sobre o que fazer diante dos inúmeros boatos que circulam sobre os atentados.

Em contato com a Coordenadoria Estadual dos Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança) foi informado que ainda não existe uma recomendação padrão do que deve ser feito por cada membro da sociedade em relação às ameaças, tanto pelos pais, quanto pelos donos de escolas e os próprios alunos.

É uma situação atípica, um novo cenário", afirma Advani, que é membro da Coordenadoria do Estado de São Paulo.

Ela ainda afirma que apesar da violência nas escolas não ser novidade, o cenário de ameaças em massa é algo para o qual não existe uma conduta a ser tomada de imediato. Apesar disso, reitera que as polícias militar, civil e as rondas escolares realmente estão todas atentas a possíveis atentados e que, como afirmado pela SSP, o monitoramento dos perímetros escolares já estão intensificados.

Apesar de ainda não haver uma recomendação precisa sobre como agir diante deste cenário é fato que todas as ameaças devem ser denunciadas, a fim de colaborar com as investigações e trabalhos de prevenção que já estão acontecendo.

Vale citar que, as polícias de diversos Estados e o Ministério da Justiça afirmam que estão trabalhando para combater denúncias de ameaças que foram registradas. Só em São Paulo, a Polícia Civil diz que frustrou dezenas de possíveis atos violentos em diversos municípios em março, com apreensão de facas, máscaras e celulares.

No entanto, é importante reforçar que muitas das ameaças compartilhadas em mensagens de "alerta" são falsas, afirma a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP), que acrescenta que o compartilhamento desse conteúdo amplia o risco de que agressões reais aconteçam.

Em suma, muitos usuários espalham os boatos com a intenção de alertar amigos, colegas e parentes - algo que tanto pesquisadores dedicados ao tema quanto a polícia indicam que não deve ser feito.

Portanto, a secretaria pede que o público pense duas vezes antes de compartilhar boatos não confirmadosque circulam pela maioria das redes sociais.

É importante salientar que o consenso entre especialistas é que a divulgação de imagens ou informações de um atentado serve para fomentar novos casos, no que é conhecido como 'efeito contágio'", diz a SSP-SP.

Como denunciar?

As autoridades precisam ser notificadas sobre qualquer tipo de ameaça, pois quem as produz ou compartilha também pode responder criminalmente.

Por isso, como parte da Operação Escola Segura, o Ministério da Justiça lançou um canal no site para que sejam denunciados sites, blogs e publicações nas redes sociais. O site para denúncia é o www.mj.gov.br/escolasegura.

Ao acessá-lo, basta inserir o link do post que contém qualquer tipo de ameaça, incluir um comentário sobre o conteúdo e enviar para a análise.

Além disso, em São Paulo, ainda é possível ligar para o 181, o disque denúncia da polícia que permite que qualquer pessoa forneça à polícia informações sobre delitos e formas de violência, com garantia de anonimato completo. 

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