Por Gerson Pires*
Redação Publicado em 26/04/2022, às 00h00 - Atualizado em 27/04/2022, às 17h15
Por Gerson Pires*
O avanço da tecnologia é relevante para diversas partes da sociedade. No campo da saúde, possibilitou aumento significativo na longevidade e na qualidade de vida das pessoas. Na educação, uma distribuição maior e mais igualitária do conhecimento. A área da segurança pública no país, onde a tecnologia ainda tem modesta participação, também pode se beneficiar muito desse avanço. Nesse sentido, a cidade de São Paulo tem duas importantes iniciativas positivas.
A primeira delas é o City Câmeras, um programa de vigilância eletrônica com engajamento direto da sociedade civil. O segundo é o Dronepol, uma divisão que utiliza drones para vigilância e fiscalização. Participei ativamente da implementação de ambas as iniciativas que têm sido ampliadas há algum tempo na capital, no âmbito da Secretaria de Segurança Urbana de São Paulo e na Guarda Civil Metropolitana.
O efeito de uma vigilância efetiva para a prevenção e solução de crimes não é mistério, mas exige determinação e foco dos agentes públicos. A recente redução de 85% na letalidade policial de batalhões equipados com câmeras, segundo dados da própria Polícia Militar de São Paulo, por exemplo, mostra o grande impacto dessa vigilância na segurança pública. Também demonstra os efeitos positivos para a população durante as operações e abordagens dos agentes do Estado.
No caso do projeto City Câmeras, ele nasceu a partir de um grande gargalo da capital paulista na área de vigilância urbana. Com 12,33 milhões de habitantes (dados de 2020), a cidade de São Paulo tinha apenas 75 câmeras nas ruas em 2017. Enquanto isso, metrópoles como a cidade de Nova Iorque (EUA), que tem 8,41 milhões de habitantes, possui 17 mil câmeras. Londres, na Inglaterra, com 8,98 milhões de moradores, dispõe de 60 mil equipamentos do tipo.
Ao investigarmos mais profundamente, descobrimos que boa parte das câmeras que fazem a vigilância dessas metrópoles não são públicas. Em Nova Iorque, por exemplo, dois terços delas são privadas. Seguindo essa linha de parceria entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não renovou o contrato das 75 câmeras, que custavam mais de R$ 320 mil por mês aos cofres públicos. Equipe reunida, redesenhou sua estratégia e implantou o projeto City Câmeras, que funciona como uma plataforma eletrônica em que a sociedade civil pode integrar imagens externas de seus equipamentos de vigilância ao monitoramento da cidade. Ou seja, a tecnologia permite que as câmeras que monitoram as ruas, sejam elas de comércios ou residências, se conectem à plataforma, permitindo um reforço importante para a segurança pública. Com essa simples solução, temos em operação atualmente mais de três mil equipamentos a custo zero para o município.
Além disso, seguindo na linha das soluções tecnológicas, o Dronepol, da Guarda Civil Metropolita, tem utilizado drones para monitorar e fiscalizar as vias e espaços públicos da capital. A tecnologia do equipamento garante uma versatilidade ímpar, tirando o agente de segurança de situações de risco e chegando a lugares que ele não conseguiria. Permite, ainda, um registro de imagens em tempo real. Esse recurso já foi usado em diversas situações como no combate ao tráfico na Cracolândia, na fiscalização de construções ilegais em áreas de proteção ambiental e na vigilância de grandes eventos como o Carnaval.
O grande sucesso dos projetos despertou o interesse de cerca de 60 municípios paulistas, graças a um esforço concentrado de articulação capitaneado pelo gabinete do deputado estadual Heni Ozi Cukier (Podemos). A expectativa é uma considerável e crescente busca de outras prefeituras por essas ou iniciativas semelhantes, o que seria muito benéfico para a população.
Urge a necessidade de soluções inteligentes, tecnológicas e que têm grande impacto na vida dos paulistas, mas ao mesmo tempo com custos baixos e que contem com a participação de outros atores da sociedade civil. Esse é o caminho para transformarmos a gestão e segurança públicas em São Paulo e no resto do país.
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