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Segurança Pública

Após Tarcísio propor aumento de salário de policiais, Sindpesp diz que reajuste é insuficiente

A instituição ainda citou que SP ocupa colocação 'vergonhosa' entre os estados que pagam os piores salários

Após Tarcísio propor aumento de salário de policiais, Sindpesp avalia que reajuste é insuficiente - Imagem: reprodução Agência Alesp
Após Tarcísio propor aumento de salário de policiais, Sindpesp avalia que reajuste é insuficiente - Imagem: reprodução Agência Alesp

Vitória Tedeschi Publicado em 03/05/2023, às 15h00


Na última terça-feira (02) o governador Tarcísio de Freitas (PSDB) apresentou à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) um projeto de lei de reajuste salarial de 20,2% para os policiais a partir de julho de 2023.

No entanto, apesar de ser uma boa iniciativa, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) recebeu com ressalvas o anúncio.

Isso porque, para o Sindpesp a correção é insuficiente para uma efetiva recomposição salarial da categoria que representa (delegados) e da Polícia Civil de forma geral. Ao longo do governo de João Doria (na época, do PSDB), o acumulado em correção para a instituição foi de 25%.

Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, ainda afirma que apesar de positivo o aceno do governador à Segurança Pública, a correção é insuficiente para tirar o estado do ranking de uma das piores remunerações do País (confira mais abaixo).

Entendemos que não é possível reverter 30 anos de descaso, ao qual a Polícia Civil foi submetida, em apenas quatro meses do novo governo. Dessa forma, consideramos que o anúncio de hoje é bem-vindo, uma vez que sinaliza uma retomada da valorização da categoria por parte do Estado. Por outro lado, havia uma expectativa muito grande em torno deste reajuste, que, nem de longe, é o que se esperava", destaca a delegada.
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São Paulo subiu duas posições no ranking salarial após o reajuste / Imagem: divulgação

Vale citar que, São Paulo é líder de arrecadação de impostos no Brasil em 2022, com R$ 1,03 trilhão, e mesmo assim, ocupava a 24° posição no ranking dos salários de delegados entre as 27 unidades da federação, com piso de R$ 12.458,97 para o início de carreira. Agora, com o reajuste, passará a ocupar a 22ª posição.

A porcentagem anunciada não vai tirar São Paulo, o estado mais rico da Nação, da vergonhosa colocação entre os que pagam os piores salários aos policiais civis no Brasil. Para se ter ideia, Mato Grosso, 14º em arrecadação no ano passado, com R$ 42,2 bilhões, é o que oferece o melhor vencimento do País a um delegado: R$ 25.407,95 - muito superior à remuneração paulista", lamenta Jacqueline.

Além de uma reclamação geral sobre o reajuste não ser suficiente, o Sindpesp ainda destaca que também não concorda com a diferenciação no percentual de reajuste entre as Polícias Civil e Militar previsto no projeto do Governo de São Paulo.

O ideal, reforça Jacqueline, seria que o reajuste fosse "equânime e justo" entre as forças de segurança.
Ocorre que, comparando o aumento dos oficiais da Polícia Militar com o dos delegados da Polícia Civil, o primeiro grupo recebeu 4,7% a mais.

A delegada ainda lamenta o fato de o Sindpesp não ter sido convidado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública para discutir o reajuste, já que é o legítimo representante da carreira de delegado de Polícia.

"O Sindpesp enxerga com bons olhos que o secretário (de Segurança Pública) Guilherme Derrite e o governador Tarcísio (de Freitas) tenham aberto diálogo com o comando das Polícias Civil e Militar, mas espera que, em futuras negociações, haja lugar na mesa para a entidade. Afinal, a Diretoria foi eleita legitimamente pelos integrantes da carreira de delegado de Polícia para representá-los e conhece bem seus anseios. Além de não ter sido convidado para colaborar com o debate, o Sindpesp não teve acesso aos estudos e aos valores da recomposição remuneratória antes do seu envio ao governador", desabafou.

Por fim, Jaqueline ainda citou que os baixos salários recebidos pelos policiais civis colaboram com o sucateamento da estrutura disponibilizada para o trabalho dos policiais. Ou seja, com a falta de eficiência e qualidade do local para os trabalhadores. Levantamento recente do Sindpesp revela que a instituição tem déficit de 38,5% em seus quadros.

Ou seja, são 16 mil policiais a menos, incluindo delegados, investigadores e escrivães, entre outros cargos imprescindíveis para uma prestação de serviços efetiva para a população, que clama, dia a dia, por mais segurança. Com os baixos salários que são pagos hoje, infelizmente a Polícia Civil de São Paulo não consegue reter seus profissionais, o que acaba impactando negativamente no serviço prestado ao povo", finaliza a delegada.
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