Diário de São Paulo
Siga-nos
Copa do Mundo 2022

Presidente da Fifa rasga o verbo sobre críticas à Copa do Mundo no Catar: "Não assista"

Infantino participou de coletiva na manhã deste sábado (19)

Gianni comentou: "Hoje me sinto catari" - Imagem: reprodução/Twitter @EuroFute
Gianni comentou: "Hoje me sinto catari" - Imagem: reprodução/Twitter @EuroFute

Thais Bueno Publicado em 19/11/2022, às 12h02


Gianni Infantino, atual presidente da Fifa, participou de uma coletiva de imprensa durante a manhã desta sábado (19) em Doha, capital do Catar, país-sede da Copa do Mundo de 2022.

A um dia do começo do torneio, jornalistas perguntaram para Infantino sobre a política do país sede e discursou a favor das minorias. A escolha do país do Oriente Médio para sediar a competição de seleções tem sido muito criticada por muitos.

"Não assista. É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Catar isso, porque a Fifa aquilo... mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos. Porque nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história".

O presidente da Fifa também tentou protagonizar uma fala que se aproximasse das diversas minorias existentes. Contudo, a fala completa pegou muito mal após ele comentar que sofria bullying quando criança pois tinha cabelo ruivo.

"Hoje estou com sentimentos muito fortes. Hoje me sinto catari. Hoje me sinto árabe. Hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um trabalhador imigrante".

O país arábe é duramente criticado todos os anos pelas pessoas por seu histórico de desrespeito aos direitos humanos, incluindo o tratamento não só aos trabalhadores migrantes, mas também às mulheres e à população LGBTQIA+.

As críticas só aumentaram com a decisão da Fifa de levar um torneio tão grande quanto uma Copa do Mundo para um país onde é ilegal ser homossexual e prevê, como pena máxima, até o apedrejamento.

"Claro que eu não catari, nem árabe, nem africano, nem gay, nem deficiente, nem um trabalhador imigrante. Mas eu sinto, eu sei como é ser discriminado, como é ser tratado como um estrangeiro. Como criança na escola eu sofria bullying, porque eu tinha cabelo ruivo e sardas", declarou Infantino.

"Eu era italiano, então imagine, eu não falava bom alemão. O que você faz? Você vai para o seu quarto, fica mal, chora. E então tenta fazer amigos, tenta convencer os amigos a se relacionar com outros e outros. Não acusa, não insulta. Você começa a se engajar. E isso é o que nós deveríamos fazer".

Gianni também comentou sobre as críticas ao tratamento dos trabalhadores migrantes na nação catari.

"Quem está realmente se importando com os trabalhadores? A FIFA se importa, o futebol se importa, a Copa do Mundo se importa e, para ser justo com eles, o Catar também. Eu estive em um evento alguns dias atrás, onde explicamos o que estávamos fazendo nesta Copa para pessoas com deficiência".

"400 jornalistas estão aqui (na coletiva de hoje) aquele evento foi coberto por 4 jornalistas. Há 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo. Ninguém se importa. Ninguém se importa. Quatro jornalistas".

Veja a entrevista completa do presidente da Fifa: 

Compartilhe  

últimas notícias