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Sequelas

"Gritos deles não saem da minha cabeça", diz sobrevivente da chacina de Sinop

Apenas duas pessoas conseguiram sair com vida do bar

"Gritos deles não saem da minha cabeça", diz sobrevivente da chacina de Sinop - Imagem: reprodução
"Gritos deles não saem da minha cabeça", diz sobrevivente da chacina de Sinop - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 27/02/2023, às 10h16


Luiz Ricardo Barbosa, um dos dois sobreviventes da chacina que matou sete pessoas que estavam em um bar de Sinop, no Mato Grosso, contou em entrevista sobre o que lembra do ataque.

Em um depoimento cedido ao Fantástico, da TV Globo, que foi ao ar no último domingo (26), o homem revelou que os gritos das vítimas fatais "não saem da cabeça".

"Nesse segundo tiro, eu tive reação de correr. Eu ia indo e escutando os gritos delas lá, não sai da minha mente aqueles gritos delas lá. [O atirador Edgar pediu para poupar a vida de alguém?] Ninguém, em momento nenhum, ele só chegou matando.", relatou.

Luiz é sobrinho de Getúlio, que também estava no bar e foi uma das vítimas. Ele explicou que em nenhum momento houve qualquer tipo de deboche com a dupla de atiradores que perdeu o jogo de sinuca.

"Teve uns boatos do pessoal falando que teve deboche. Não teve deboche. [Em certo momento,] eu olhei no semblante dele [Getúlio] assim, e vi que ele não estava gostando do Edgar.", explicou.

Sobrevivente e vítima

A equipe de reportagem também entrevistou Raquel Gomes de Almeida, mãe de Larissa Frazão de Almeida, menina de 12 anos que foi morta ao tentar fugir dos criminosos, e companheira de Getúlio.

A mulher disse que estava tentando encontrar vaga em alguma escola para que a filha conseguisse estudar em Sinop e elas pudessem se mudar para a cidade.

"Só que não tinha [vaga na escola]. Getúlio não tinha serviço aqui no Maranhão e foi trabalhar para lá [como azulejista].", disse.

Raquel também estava no local no momento da chacina e teve a bolsa puxada por Ezequias após os ataques. A mulher disse que acha que não morreu naquele momento porque a munição dos atiradores já tinha acabado.

Familiares de outras vítimas se manifestam

"Hoje de manhã você soube que o seu filho estava bem, sorrindo, e quando chega a tarde você já recebe algo tão absurdo, tão bárbaro. Eu não sinto absolutamente nada, a não ser uma tristeza, um vazio, sem explicação.", disse a mãe de Maciel Bruno, dono do bar onde aconteceu o crime.

Cícero Dias, filho de Josué Ramos Tenório, que parou no bar para assistir um jogo de futebol e foi uma das vítimas, disse que sentirá falta das conversas com o pai e, principalmente, "quando eu quebrava o carro e ligava para ele porque eu não entendia muito, ele falava e tava certinho em tudo".

"Ninguém merece ser tratado como um animal que vai para o abatedouro, foi o que aconteceu lá", comeentou Cícero.

Relembre o caso

Na tarde do último dia 21, dois homens abriram fogo contra nove pessoas que estavam em um bar de Sinop, no Mato Grosso, após perderem uma partida de sinuca que valia R$ 4 mil.

No ataque, sete pessoas foram assassinadas, inclusive uma criança de 12 anos.

Na última quarta-feira (22), Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, um dos autores da chacina, foi morto em confronto com a polícia, de acordo com a PM.

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, o outro autor dos assassinatos e responsável pelos primeiros disparos na ação, se entregou para a polícia na útlimo sábado (30). Ele teve prisão decretada e segue detido.

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