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Homenagem

USP vai homenagear alunos mortos pela ditadura em 1973

Os rapazes eram alunos do curso de Geologia da USP e foram mortos pelo regime ditatorial em 1973

Os rapazes eram alunos do curso de Geologia da USP e foram mortos pelo regime ditatorial em 1973 - Imagem: Reprodução/jornal.usp.br
Os rapazes eram alunos do curso de Geologia da USP e foram mortos pelo regime ditatorial em 1973 - Imagem: Reprodução/jornal.usp.br

Ana Rodrigues Publicado em 07/12/2023, às 11h21


A Universidade de São Paulo (USP) vai diplomar postumamente dois estudantes da instituição que foram assassinados na época da ditadura militar no Brasil.

Segundo o Metrópoles, os homenageados serão Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Queiroz. Eles eram alunos do curso de Geologia e foram mortos pelo regime ditatorial em 1973.

O evento de diplomação acontecerá no dia 15 de dezembro, em uma sessão solene, que começará às 15h no Instituto de Geociências e será aberta ao público e também será transmitido no canal do YouTube da faculdade.

Amigos e familiares dos dois estudantes foram convidados para participar da sessão.

Segundo a assessoria da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP, os pedidos de diplomação póstuma foram solicitados por familiares e professores do curso de Geologia e foram aprovados nas instâncias da universidade.

No entanto, um projeto feito pela universidade - em parceria com a vereadora paulistana Luna Zarattini (PT) - prevê ampliar as homenagens póstumas para todas as vítimas da ditadura militar.

A vereadora também é ex-aluna da USP e seu gabinete apresentou a ideia à reitoria da universidade. O projeto levou o nome de "Diplomação da Resistência" e tem como objetivo conseguir todas as diplomações até o final de 2024, quando a universidade completará 90 anos.

Os dois homenageados - Alexandre Vannuchi Leme e Ronaldo Queiroz - foram presidentes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP.

Segundo a Comissão da Verdade da USP, Ronaldo presidiu o DCE entre os anos de 1970 e 1971, até que abandonou o curso após sofrer com perseguição política. O relatório da comissão apontou que o estudante era responsável pelo trabalho da Ação Libertadora Nacional (ALN) no movimento estudantil.

Ainda segundo o documento, a versão oficial apresentada sobre a morte de Ronaldo era a de que ele foi morto no dia 6 de abril de 1973, em um tiroteio depois de resistir à prisão.

No entanto, o que de fato aconteceu é que ele foi fuzilado por agentes do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna de São Paulo (DOI-CODI/SP), que não chegaram a lhe dar voz de prisão, baleando o militante à queima-roupa, assim que o reconheceram", afirmou o relatório da Comissão da Verdade.

A verdade sobre a morte foi contada por Cláudio Guerra, um dos agentes que participou da operação que o assassinou, no livro "Memórias de uma guerra suja".

Alexandre Vannucchi sucedeu Ronaldo na presidência do DCE e também era estudante de Geologia. Vannuchi ingressou na USP em 1970 e chegou ao quarto ano do curso, antes de ser preso e assassinado.

Segundo informação da Comissão da Verdade da USP, o estudante foi preso no dia 16 de março de 1973 pelos agentes do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna de São Paulo (DOI-CODI).

O relatório afirmou que ele foi duramente torturado até o dia seguinte, quando acabou não resistindo e morreu em decorrência das agressões sofridas na prisão. 

Para justificar sua morte, duas versões foram apresentadas pelos agentes. Em uma delas, disseram que Vannucchi tinha cometido suicídio com uma lâmina de barbear e em outra, afirmaram que ele morreu atropelado ao tentar fugir da prisão.

Ambas as versões foram desmentidas a partir dos depoimentos de uma série de presos políticos que acompanharam sua passagem pela prisão", dizia o texto da comissão da verdade.

Sua morte gerou uma comoção na universidade e o DCE acabou ganhando seu nome.

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