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Otimismo em tempos difíceis

Otimismo em tempos difíceis - Imagem: Freepik
Otimismo em tempos difíceis - Imagem: Freepik
Marcus Vinícius De Freitas

por Marcus Vinícius De Freitas

Publicado em 14/06/2023, às 10h47


Em todas as partes em que se procura, observa-se um desânimo generalizado em relação ao futuro do Brasile do próprio mundo. Talvez em razão de nossa tradição monoteísta, que é a força motriz do Cristianismo, Islamismo e Judaísmo, somos levados à crença equivocada de que este mundo em que vivemos foi um erro cometido pelo Divino, que, eventualmente, se ocupará de destruir e construir um novo céu e uma nova terra.

É por este motivo - está expectativa de que o melhor da humanidade somente acontecerá em algum lugar imprevisto e impreciso do futuro - que, talvez, sejamos acometidos de uma negatividade muito grande com relação ao mundo em que vivemos. Ademais, com o fato de notícias ruins renderem mais mídia que as notícias boas, somos levados a crer de que tudo está ruim. Além disso, a manipulação teológica da questão da morte leva muitos a navegarem num universo ainda mais obscuro em que abundam a falta de conhecimento e a exploração da fé e da ingenuidade de muitos.

Para aqueles que - como eu - já levam um tempo caminhando pelas estradas poeirentas da vida, o balanço só pode ser positivo. Saudosistas dirão que a vida no passado era melhor. Equívoco maior não pode haver. Embora ainda exista miséria em abundância no mundo o padrão de vida da classe média na maioria dos países é muito superior à qualidade de vida de nobres e aristocratas do passado. A informação nunca se fez tão presente e o conhecimento jamais esteve tão acessível. O pecado da ignorância jamais foi tão imperdoável. Na tela de um computador ou celular, o conhecimento de milhares de anos da humanidade se torna imediatamente disponível. Aceita e acredita em Fake News aquele que não passa da primeira página de busca dos portais de pesquisa.

A globalização abriu um oceano de possibilidades na fronteira do conhecimento, das relações humanas e do comércio global. A informação ocorre em tempo real e sem os filtros sobre a informação que alguns impunham à maioria. É antiga a frase “informação é poder”. Num sistema global de informação compartilhada a humanidade pode avançar mais rápida, intensa e eficientemente.  Ninguém mais é dono da informação.

O ensino acadêmico também mudou bastante. No dedilhado do teclado, o aluno tem acesso a mais conhecimento que qualquer titulação que o indivíduo ensinando tenha acesso.  Isto incomoda ao professor que não busca atualizar-se ou se crê como único detentor e fonte da informação.

O mundo também diminuiu de tamanho. Se, no passado, uma viagem da Europaà Ásia demandava meses e até mesmo anos, atualmente, em vinte e quatro horas é possível atingir os pontos mais remotos do globo terrestre e de um modo muito mais confortável e seguro que no passado.

Se nossos antepassados antevissem as facilidades da vida moderna - eletricidade, saneamento, água potável em abundância, acesso a medicamentos, etc. - por certo muitos creriam que o paraíso ocorreria mais cedo que imaginavam sem a necessidade de uma destruição completa como pregado em determinados círculos religiosos.

Ainda existem desafios a vencer. A erradicação da pobreza continua sendo a prioridade fundamental. A pobreza e a carência reduzem as possibilidades de maiores avanços da humanidade.

A aceitação da diversidade da criação também constitui um dos grandes desafios da humanidade.

A diferença entre os seres humanos é muito mais uma questão de detalhes. Os fatores utilizados para discriminação entre os seres humanos nos fazem acreditar que somos distintos, quando na verdade a diferença entre nós é mínima.

Recentemente, num programa de televisão internacional, o apresentador lembrou um aspecto fundamental: pelo cadáver não se sabe a situação financeira, sexual, ou a cor de um indivíduo. Afinal, o pó do cadáver de uma pessoa não é diferente do outro.

A humanidade busca diferenciar-se para querer um tratamento diferente. Se compreendêssemos que somos todos iguais e que as diferenças são mínimos detalhes, viveríamos muito, muito melhor.

Mas estes problemas são muito mais fáceis de ser resolvidos. Eles requerem compromisso em construir novas realidades que fortaleçam os indivíduos com a compreensão de um futuro e um legado compartilhados. O coletivo não é a negação da individualidade, mas uma reafirmação ainda maior sobre como a vida em sociedade pode fomentar o surgimento de grandes talentos.

Avançamos muito e podemos avançar ainda mais. O futuro é positivo. Na próxima vez que alguém disser que o mundo anda mal, pense que a qualidade de vida que temos hoje em dia inexistiu ao longo dos milhares de anos da saga humana.

O mundo não vai acabar. Do contrário. Seguirá adiante e melhorará. Cabe a nós levar esta perspectiva adiante.

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