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COLUNA

Doug Sampson sobre o sucesso do Iron Maiden: "Não foi um conto de fadas"

Doug Sampson fala sobre o sucesso do Iron Maiden. - Imagem: Divulgação / Airforce
Doug Sampson fala sobre o sucesso do Iron Maiden. - Imagem: Divulgação / Airforce
Marcelo Emerson

por Marcelo Emerson

Publicado em 13/06/2024, às 06h00


Quando nos deparamos com algum caso de sucesso, em qualquer segmento profissional, podemos ser tentados a ouvir o senso comum que diz chavões como: “foi sorte”, “o cara tinha uma visão especial sobre o mercado” ou “a genialidade dele não se pode comparar”. Mas quando colocamos uma lente de aumento nos detalhes específicos de cada trajetória vitoriosa, percebemos que os responsáveis por ela eram, no mais das vezes, homens comuns que trabalharam duro, entenderam muito bem o segmento em que atuam e colocaram seus talentos à prova, com erros e acertos. Não há mágica.

Gosto de citar o caso do Iron Maiden. Hoje vemos a banda britânica como o maior nome do heavy metal em todo mundo. Uma visão superficial pode trazer à análise da sua biografia uma série de chavões da mesma espécie dos citados acima. Mas, mais uma vez, não há conto de fadas.

Tive a oportunidade de conversar com Doug Sampson, que foi baterista do Iron Maiden por um período na segunda metade dos anos 70, quando a banda consolidava suas primeiras formações. As linhas de baterias de Sampson estão imortalizadas no lendário EP “The Soundhouse Tapes”, que ajudou a banda britânica a consolidar seu nome no circuito de shows na época de seu lançamento (1979).

Doug conversou com este colunista ao lado do português Flavio Lino, vocalista da banda Airforce, criada nos anos 80, alguns anos após a saída de Doug do Iron Maiden. Completam a formação o guitarrista Chop Pitman e o baixista Tony Hatton.

Em nosso bate-papo, perguntei sobre as experiências de Doug no Iron Maiden. Tenho especial interesse pelos primeiros anos de formação da banda, já que os músicos eram bem jovens (todos na faixa dos 20 anos), mas já tomavam decisões fundamentais para estabelecer as bases dos negócios da banda.

Comentei algo sobre a capacidade de decisão do líder do Iron Maiden, o baixista Steve Harris. Oriundo da classe trabalhadora, Harris não tinha grandes somas de dinheiro para investir na estrutura da banda, e ainda tinha que consolidar suas músicas no gosto do público numa época em que o rock pesado era tido como ultrapassado, já que a moda de então era a música punk, que Steve diz detestar.

Perguntei a ele como foi permanecer contra a moda punk. Doug disse: “isso acontecia muito [a hegemonia da música punk], houve ocasiões em que não podíamos trabalhar, pois algumas casas de shows estavam ligadas no lance punk, mas não recuamos.

Sobre a trajetória do Iron Maiden, destaquei para Doug que às vezes há pessoas que pensam que Steve Harris tinha uma bola de cristal e sempre sabia qual seria o passo certo a dar, seja sobre decisões financeiras, o acordo com uma grande gravadora e várias outras, mas foi uma trajetória dura. Doug concordou e resumiu de forma lapidar: “foram tempos difíceis, ele {Steve Harris} perseverou. Não foi como um conto de fadas”.

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