por Marcelo Emerson
Publicado em 27/06/2024, às 06h00
O mundo da música pop está agitado por conta do lançamento do novo single da cantora Lisa. Quem? Lisa fez parte do grupo de K-Pop Blackpink. Quem?
Esclarecendo. K-pop é a sigla para Korean pop, que diz respeito a todo um mercado musical oriundo da Coreia do Sul. Não se trata exatamente de um gênero musical específico, mas de um fenômeno cultural e comercial que utiliza vários estilos musicias como hip hop, música eletrônica, dance music e rythm and blues pós-moderno para embalar grupos de jovens e suas coreografias rigidamente ensaiadas e executadas em espetáculos grandiosos ao redor do mundo.
É sintomático que um “teaser” da nova música, tenha sido anunciado e promovido em todas as mídias possíveis em todo o mundo pela empresa que faz a gestão da cantora e que os fãs conheçam o nome da pessoa jurídica quase tanto quanto o da artista.
É que o k-pop é criado, embalado e vendido por imensas estruturas empresariais que atuam no mundo todo, espalhando tal fenômeno comercial como uma espécie de “Soft power” cultural.
A base gigantesca base de fãs vai perder o sono nesta madrugada na expectativa de conhecer a nova música de sua diva infanto-juvenil que está prestes a ser lançada mundialmente.
A relação que existe entre a criação artística e a lógica de mercado da indústria de entretenimento é um tema de especial interesse deste colunista.
Conhecendo bem o combalido cenário da música pesada brasileira (e aí incluo o heavy metal e todos seus sub-gêneros), ás vezes vejo alguns entusiastas do marketing salivando por uma revolução mercadológica que leve o heavy metal para os patamares comerciais de um k-pop.
Seria o fim do heavy metal em sua essência, já que este meio que “sobrinho do Rock n’ roll” nasce como música alternativa da classe trabalhadora lá de uma região conhecida como Black country, por causa da nuvem escura de poluição pesada saía das fábricas e tomava os céus do local. Black Sabbath e Judas Priest são os legítimos formadores do heavy metal como conhecemos hoje e são os filhos mais proeminentes daquela região industrial.
O heavy metal em sua origem é música alternativa e refúgio de filhos da classe trabalhadora que não queriam dedicar toda a sua vida às profissões na indústria, buscando na arte a passagem para desbravar o mundo.
Não se desconsidera aqui da importância do comércio da arte num sistema capitalista de criação e distribuição e riquezas, mas é preciso buscar sempre o difícil equilíbrio entre a liberdade criativa que produz a arte e as amarras limitantes das demandas comerciais.
Quando o marqueteiro invade o ensaio e começa a palpitar sobre a música que está sendo composta, aquilo deixa de ser arte e passa a ser vinheta de jingle para comercial de margarina.
Não seria irônico que para aumentar o alcance do heavy metal ele deixasse de ser o que realmente é em essência?
Ah, lembrei. O nome do single da Lisa é “Rockstar”.
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