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COLUNA

A cultura anti-cristã na música pesada

Ronnie James Dio - Imagem: Reprodução | YouTube
Ronnie James Dio - Imagem: Reprodução | YouTube
Marcelo Emerson

por Marcelo Emerson

Publicado em 06/06/2024, às 08h11


A comunicação com as massas sempre exigiu um certo reducionismo nas ideias propagadas, pois é necessário limitar a mensagem a termos sucintos, que possam atingir as emoções mais básicas do ser humano.

O grito da torcida organizada de futebol não pode se dar ao luxo de ser muito complexo ou sofisticado. É preciso apelar para o âmago do sentimentalismo mais rudimentar do torcedor e continue atiçando os ânimos da massa em polvorosa. Um jargão político ideológico, da mesma maneira, não requer explicações, ele deve apenas inflamar o militante a agir em direção aos objetivos do grupo.

Um desses lemas mais repetidos do que compreendidos é aquele que alega ser o heavy metal um estilo musical obrigatoriamente anti-critão.

Há parte da “opinião pública” que se propaga nos ambientes da música pesada que afirma que este sub-gênero proveniente do rock n’ roll, o heavy metal, deve propagar ideias anti-cristãs em seu conteúdo lírico.

Dizem alguns que, assim como o seu tio, o rock n’ roll, o heavy metal deve ser expressão da contracultura.

Utilizando um método socrático, sempre pergunto aos que defendem tal ideia o que eles entendem por cultura. Invariavelmente, não obtenho respostas. A pergunta é necessária, pois se o rock n’ roll e o heavy metal são estilos musicais que expressam a contracultura, é inevitável que aqueles que defendem tal argumento saibam contra o que estão lutando.

Mais que isso, pergunto também qual ou quais ensinamentos revelados por Jesus Cristo devem ser “combatidos” por esse ente despersonalizado, o heavy metal.

Mais uma vez, fico sem respostas. Os militantes do heavy metal anti-cristão não são capazes de articular um argumento minimamente concatenado e lógico sobre o que deve ser atacado na figura de um homem que ensinou “ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, ou “fora da caridade não há salvação”, ou, ainda, “bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra”.

Continuo com minha prática de apenas perguntar, mas, com inspiração em Sócrates no Ágora, faço as questões mais básicas e não obtenho qualquer resposta razoável. Bem, pelo menos não tenho qualquer risco de ser condenado a tomar cicuta por isso.

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