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Será que é possível acreditar em um feliz ano novo?

Réveillon em Copacabana de 2018. - Imagem: Reprodução | Facebook - Lucas Landau
Réveillon em Copacabana de 2018. - Imagem: Reprodução | Facebook - Lucas Landau
Kleber Carrilho

por Kleber Carrilho

Publicado em 30/12/2023, às 07h18


A gente sempre começa o ano esperando que tudo dê certo: a dieta, a vida profissional, os relacionamentos. E, claro, quando o mundo político entra no jogo, as ideias de paz, desenvolvimento, inclusão social, compreensão e negociação aparecem.

Porém, se você é otimista, já vou dizendo claramente: 2024 não terá nada disso. A tendência é que o novo ano seja ainda mais desafiador do que o que está acabando.

Isso porque, para os problemas que temos hoje no mundo, e também no Brasil, não há nenhuma previsão de solução. No nosso país, a onda de violência não tem resposta clara de nenhuma autoridade, nem federal nem dos Estados, que deveriam ser os responsáveis pela segurança pública.

Na economia, mesmo com bons resultados nos números, isso não reflete na qualidade da nossa produção, majoritariamente do agronegócio, e muito menos na distribuição de renda, principalmente no oferecimento de empregos com boa remuneração.

Para que haja melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, o tal plano de reindustrialização e de inovação, tão comentado pelo presidente Lula e principalmente pelo vice e ministro Geraldo Alckmin, tem que deixar de ser artigo de jornal e meme nas redes sociais para virar realidade.

O problema é que é ano eleitoral, e a tendência é que os debates para as sucessões, principalmente nas grandes cidades, coloquem na briga quem deveria estar se aliando para apresentar soluções para o país. Começando por Lula e Alckmin, que preferiram ter posições opostas na briga pela cadeira da prefeitura de São Paulo.

E, saindo do Brasil, a possibilidade de que problemas maiores sejam resolvidos parece inexistente. O ataque de Israel ao Hamas, que até pode terminar, dificilmente trará alguma paz para a região. Enquanto isso, Putin certamente confirmará uma anexação de território ucraniano, e tentará testar os limites na direção dos países membros da OTAN, se não com ataque direto, pelo menos com ameaças.

As eleições previstas, tanto nos EUA quanto no Reino Unido, não devem trazer estabilidade aos países. A briga dos republicanos para ter Trump será mais uma ameaça à Justiça, enquanto a possibilidade de que Biden não esteja saudável para um segundo mandato também existe. E, se qualquer um deles não puder se apresentar nas cédulas, é possível que a instabilidade aumente ainda mais. Já no país do Rei Charles, tanto trabalhistas quanto conservadores parecem estar pouco interessados em liderar um governo, demonstrando que as velhas estruturas partidárias não conseguem criar soluções para problemas reais.

Mesmo países menos importantes no cenário internacional, como Portugal, também podem ter ameaças ao ambiente democrático. A eleição de março tende a ser uma confirmação de uma virada radical para a extrema direita no país que, durante os últimos anos, teve governos à esquerda, sempre manchados com suspeitas (e confirmações) de corrupção.

Isso sem falar no maior problema de todos: a crise climática. Não há nenhuma evidência de que o novo ano trará novos pensamentos entre os líderes mundiais (inclusive o nosso) para combater o problema de verdade.

Portanto, o ano começa com o desejo de que seja feliz, mas com poucas esperanças de que ele realmente seja.

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