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COLUNA

Mais uma semana de jogadas geopolíticas

Zelensky. - Imagem: Divulgação / Ukrainian Presidential Press Office
Zelensky. - Imagem: Divulgação / Ukrainian Presidential Press Office
Kleber Carrilho

por Kleber Carrilho

Publicado em 22/06/2024, às 06h00


Esta semana foi marcada por intensas movimentações no cenário geopolítico global, com destaque para as dinâmicas entre grandes e médias potências e as posturas em relação aos principais conflitos. No final da reunião que tratou da paz na Ucrânia, que aconteceu na Suíça e contou com a presença de apenas um dos lados da guerra, Zelensky expressou frustração com a percepção de que China e Brasil não entendem completamente a situação no seu país.

No entanto, por mais que os ataques russos tenham sido injustificáveis sob a ótica de Kiev e da OTAN, sabemos que as decisões dos países não alinhados a eles são moldadas por interesses que vão muito além dos aspectos que possam ser importantes para a unidade nacional ucraniana, com questões econômicas e alianças estratégicas, especialmente dentro do grupo dos BRICS, tendo papel relevante.

Após essa reunião, que deixou clara a tentativa unilateral da Ucrânia de buscar a paz, sem sucesso, Putin intensificou suas ações ao visitar países estratégicos como Coreia do Norte e Vietnã. Além do vídeo ao lado do líder norte-coreano na limusine, essas movimentações não apenas reforçam suas alianças, mas também tentam redefinir o equilíbrio de poder no Pacífico e muito além.

Essa dinâmica coloca em questão quem sairá vencedor deste grande conflito entre Rússia, China, países do Sul Global e as potências tradicionais do Ocidente, lideradas pela Europa e Estados Unidos através da OTAN. Assim como na Guerra Fria, é pouco provável que haja riscos para as principais potências que lideram os blocos. Por isso, países periféricos, como a Ucrânia, apesar de suas tentativas, enfrentam desafios enormes diante da determinação de Putin e do apoio que recebe de aliados estratégicos.

Mas há outras questões a serem consideradas nesse cenário, nas próximas semanas e meses. À medida que a Grã-Bretanha, França e Estados Unidos se preparam para eleições importantes, incluindo a tentativa de Macron de se reeleger na França, enfrentando desafios internos e externos, o cenário global pode ganhar contornos mais definidos até o fim do ano. Afinal, as decisões políticas internas desses países podem impactar diretamente suas políticas externas, especialmente em relação ao apoio à Ucrânia.

Como será o cenário se o partido de Macron perder na França, os Trabalhistas voltarem ao poder no Reino Unido com uma roupagem muito mais preocupada com questões internas e, ainda, se Trump conquistar um novo mandato? Não se pode dizer ao certo, mas podemos agora entender algumas coisas. Uma delas é que o Brasil, por exemplo, tem desempenhado um papel interessante nesse debate internacional. Apesar dos desafios internos, o país tem se posicionado como uma voz de liderança no cenário global, influenciando e sendo influenciado por essas complexas dinâmicas.

Como tenho repetido muito por aqui, estamos testemunhando um momento de intensa polarização mundial entre diferentes blocos de poder, onde cada movimento político e eleitoral pode ter repercussões significativas nas dinâmicas de segurança e estabilidade de todo o mundo.

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