Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

Eleições no país mais feliz do mundo

Eleições para o Parlamento da Finlândia. - Imagem: Reprodução | La Verdad
Eleições para o Parlamento da Finlândia. - Imagem: Reprodução | La Verdad
Kleber Carrilho

por Kleber Carrilho

Publicado em 18/03/2023, às 12h22


As eleições para o Parlamentoda Finlândiaestão prestes a acontecer e, como sou apaixonado por processos eleitorais, tenho observado muito por aqui. Vale lembrar que, como um país parlamentarista, o governo também é definido agora, pela aliança entre os partidos que conseguirem juntar a maioria dos 200 representantes.

Portanto, daqui a duas semanas, o mandato de Sanna Marin como Primeira Ministra vai ser testado. Para grande parte do mundo, foi interessante ver como uma jovem mulher, aos 34 anos, assumiu a liderança de um país que, segundo algumas pesquisas, é o mais feliz do mundo, com um sistema de proteção social que realmente funciona.

O ponto é que, se este é o país mais feliz do mundo e as coisas funcionam, como é possível ter oposição e grandes chances de Sanna Marin não ter seu mandato renovado?

Primeiramente, porque em geral os finlandeses não associam a administração do país com questões diretamente ligadas a suas emoções. Para a maior parte deles (pelo menos os que falam sobre política), a escolha do governo tem uma relação muito mais com formas de gestão e planejamento do que com questões de fundo ideológico.

Portanto, quem quer menos impostos e maior possibilidade de que empreendedores sejam bem-sucedidos votam no partido de centro-direita, o Coalizão Nacional (Kokoomus); quem tem preocupações com as questões ambientais de forma mais relevante, nos Verdes (Virheät); quem gosta do atual formato de proteção social, mantém o voto nos social-democratas (SDP) ou na Aliança de Esquerda (Vasemmistoliitto); e os mais ligados a questões rurais, no tradicional Partido de Centro (Keskusta). Também tem os finlandeses de origem sueca, que têm um partido próprio (Svenska folkpartiet).

Porém, como em todos os lugares do mundo, há gente por aqui saindo desse tom de normalidade. É o caso da extrema direita (Perussuomalaiset), que está chegando próximo aos 20% de intenção de voto nas últimas pesquisas (com 30% entre os jovens que vão votar pela primeira vez).

A união do país contra a ameaça russa, que já foi muito presente por aqui (basta dar uma olhada no que ocorreu na Segunda Guerra), fez com que, aparentemente, mais pessoas tenham a intenção de ir para as urnas para escolher seus representantes. Por isso, mesmo com pesquisas confiáveis, há a possibilidade de haver surpresas, principalmente com o acúmulo de votos nos partidos que podem liderar um novo governo, como a centro-direita (Kokoomus) e a centro-esquerda (SDP).

A aventura da campanha é um capítulo à parte. Em comparação ao Brasil, eles quase não usam as redes sociais e nem sonham com grupos de WhatsAppou disparos em massa. A campanha ocorre nas ruas geladas (afinal, o inverno ainda não acabou), com ideias sendo apresentadas pessoalmente pelos candidatos, que interagem em cada um dos 13 distritos do país.

Portanto, a velha ideia de que se faz campanha com “sola de sapato, suor e saliva”, que domina política brasileira das pequenas cidades, funciona por aqui. Com exceção do suor, é lógico, que é impossível no meio da neve.

Compartilhe  

últimas notícias