A briga começou porque torcedores brasileiros começaram a vaiar o hino argentino
Ana Rodrigues Publicado em 22/11/2023, às 09h45
Poucos minutos antes do início do jogo entre Brasil e Argentina houve confusão entre os torcedores de ambas seleções. Enquanto era executado o hino argentino, torcedores brasileiros começaram a vaiar os hermanos, que resolveram revidar. No setor Sul do Maracanã começou um conflito com arremessos de objetos.
Segundo o UOL, os torcedores não estavam separados por nenhuma divisória. A Polícia Militar ainda entrou no meio e passou a brigar com os hermanos, com agressões utilizando cassetetes nos torcedores. A briga se agravou e os jogadores argentinos foram até o local ajudar os compatriotas. O jogo atrasou em meia hora enquanto a briga era resolvida.
A explicações posteriores para as cenas de violência constituíram um verdadeiro jogo de empurra entre CBF, organizadores e PM pelas responsabilidades.
Primeiro, a confederação é responsável pela organização do jogo pela regra Fifa, dona das Eliminatórias. A versão da CBF é de que contratou a gestão do Maracanã, nas mãos de Flamengo e Fluminense, para fazer toda a operação do jogo. Portanto, não teria tomado nenhuma decisão sobre como os torcedores foram postos sem divisória. A entidade ainda atribuiu à PM o planejamento de segurança do evento.
Já a PM, em nota, informou que não havia divisão entre torcidas no setores do Estádio do Maracanã, por conta da venda de ingressos, sem diferença entre as torcidas, o que foi definido pela organização do evento.
Em entrevista à TV Globo, o coronel Ferreira, do Bepe (grupamento de estádios), disse que isso foi um dificultador para a segurança privada desde o início do problema. E, ainda ressaltou que normalmente torcidas visitantes e da casa são separadas.
A gestão do Maracanã informou que o padrão em jogos da seleção é não haver divisão. Ou seja, foi seguido o que é feito com procedimento em partidas do Brasil. E disse que foi definido como torcida mista.
A questão é, desde a primeira reunião em 16 de novembro, a organização do jogo já tinha sido feita com o setor misto de torcidas no Sul, onde estava previsto ficar os argentinos. E, nesta reunião estavam representantes da PM, Ministério Público do Rio, gestão do Maracanã e Ferj (Federação do Rio). Depois, a CBF excluiu a Ferj da organização do jogo. Havia um representante do Bepe (policiamento dos estádio), Alexandre Tonassi, neste encontro.
Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF. Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1.050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ. Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades", informa trecho da nota oficial da CBF.
A ata da reunião não registra nenhuma oposição à torcida mista por parte da polícia na ocasião. A PM tem poder de veto nesses casos.
Com relação à CBF, cabe a ela, como organizadora oficial do jogo, a responsabilidade pelas decisões, mesmo que tenha contratado terceiros para operação. Tanto que, a Fifa vai analisar o caso disciplinarmente com a CBF como ré.
O coronel Ferreira ainda justificou como necessária a força empregada pela PM na arquibancada. As imagens mostram policiais dando com cassetes em argentinos mesmo quando estes estavam sem reagir. É bem claro pela imagem que a atuação dos policiais agravou o conflito. Do outro lado do estádio, torcedores brasileiros criticaram a atuação da PM com gritos.
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