Após três décadas da morte de Daniella Perez, Gloria refletiu sobre como encontrou forças para seguir
Vitória Tedeschi Publicado em 22/08/2022, às 13h27
Após a grande popularidade do documentário "Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez", produzido pela HBO Max, Gloria Perez, mãe de Daniella,afirmou que ficou satisfeita com o resultado e deu mais detalhes sobre como sobreviveu à tragédia.
A autora de "Travessia", a próxima novela das 21h da TV Globo, tinha um objetivo muito claro quando aceitou falar em uma série e reviver todas as memórias do assassinato da filha, pelo colega de elenco, Guilherme de Pádua: tirar o ar novelístico que o caso ganhou.
"Tudo o que eu sempre quis foi sair do folhetim para que as pessoas vissem exatamente quem era a Dani, quem ela foi e o que se passou durante o processo. Nada do que os assassinos disseram se sustentou no tribunal. [Guilherme] quer holoforte, mas não existe mais nada a polemizar. O caso está transitado em julgado. Não tem versão tem sentença. E ela foi toda mostrada na série. Se ele tivesse algo a dizer, contestar, ele processaria o Estado por ter ficado preso. Não fez isso porque o crime saiu barato demais para os assassinos", disse Gloria, em entrevista à "Veja Rio".
Gloria afirma que o crime ganhou tom novelístico, pois as capas de revistas e principais manchetes do país, na época, usavam imagens dos personagens vividos por Daniella e seu assassino na novela.
O que de certo modo, além de romantizar a morte trágica da atriz, tirava o foco do real do assassino como uma pessoa - o Guilherme - e o deixava como apenas como um personagem de novela - o Bira.
Após quase trinta anos da perda da filha, Gloria revela que ainda tem um pé da sapatilha de ponta cor-de-rosa de Daniella,que também era dançarina. Ooutro pé foi dado ao advogado criminalista que conduziu o processo, como agradecimento.
Revisitando todo o arquivo, Gloria sente que valeu a pena e que agora finalmente pode viver o próprio luto. O que não significa que ela ainda não sinta culpa pelo ocorrido.
"É uma culpa absurda. Eu preferia ter levado as punhaladas no lugar dela. Por que eu não estava lá? Por que eu não fui aos estúdios? Mãe sente culpa. Se seu filho cai e você não está em casa, se pergunta: por que eu não estava presente? E, no caso do assassinato da Dani, o alvo era eu. Fui eu que frustrei o sonho dos psicopatas, ao tirar o Guilherme da trama. Que pena que não fui eu no lugar dela", lamenta a mãe.
A novelista,que na própria série reflete sobre como se sente culpada, apesar de não ser capaz de prever o que aconteceria e nem de fazer nada para mudar o fim dramático da filha, apesar do passar dos anos, ainda reflete sobre como encontrou forças para seguir de pé depois de tudo que enfrentou.
Meu Deus. Até hoje não sei como não morri junto, mas eu tinha outros dois filhos. Não podia abandoná-los para me entregar só à minha dor. Acredito que foi a necessidade de ser forte que me manteve viva".
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