Diário de São Paulo
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Violência contra a mulher

Brasileira ensina defesa pessoal para mulheres vítimas de violência e faz sucesso na Irlanda

A brasileira, Jaqueline Almeida, se tornou palestrante de destaque da TedX Talks

Brasileira ensina defesa pessoal para mulheres vítimas de violência e faz sucesso na Irlanda - Imagem: divulgação
Brasileira ensina defesa pessoal para mulheres vítimas de violência e faz sucesso na Irlanda - Imagem: divulgação

Vitória Tedeschi Publicado em 19/01/2023, às 15h51


A cada hora, 26 mulheres sofrem agressão física no Brasil. 632 casos de violência foram registrados por dia, em 2021. 619.535 mulheres ligaram para o 190 pedindo ajuda ao serem violentadas, somente neste ano.

É por isso que Jaqueline Almeida, multimedalhista no jiu-jitsu, resolveu se dedicar a ensinar defesa pessoal para mulheres.

As informações são do relatório do 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com base em dados de 2021.

Natural da região metropolitana de SP, Jaqueline Almeida, atualmente com 32 anos, decidiu, em 2016, que iria morar na Irlanda para estudar Inglês, momento em que ela não imaginava que sua vida encontraria sentido no esporte e que sua história de superação e a atuação no jiu-jitsu se tornaria referência e uma alternativa para mulheres com depressão ou registro de violência - sobretudo, doméstica.

Sobrevivente de três acidentes de carro e a uma infância repleta de abusos e de ausências do pai alcoólatra, a brasileira foi convidada recentemente a reforçar o casting do TedX Talks – a maior plataforma de palestras do mundo e que está disponível em mais de cem idiomas.

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Jaqueline coleciona vários títulos, tem um sem-número de alunas e, mais recentemente, passou a receber diversos convites para palestrar sobre a importância da autoconfiança e da defesa pessoal / Imagem: divulgação

Faixa marrom de jiu-jitsu, Jaqueline dedicou sua vida a ensinar autodefesa para mulheres, muitas vezes, de graça, por enxergar a importância do empoderamento feminino, assunto que mais tarde ela também foi convidada a falar em palestras importantes.

Vale citar que a brasileira também foi uma das palestrantes de um webinário que teve como tema central o combate à violência feminina.

Ao público-alvo, uma comunidade de mulheres indianas que vive na Irlanda, a atleta falou sobre superação, linguagem corporal e de como é possível adquirir autoconfiança e elevar a estima por meio das artes marciais, as quais conheceu ainda no Brasil, aos 21 anos, e que até ir para a Irlanda, eram seu hobbie.

Jaqueline na luta pelas mulheres

Foi após se questionar sobre o motivo pelo qual havia poucas mulheres lutando que Jaqueline recebeu a oportunidade de conduzir treinos de jiu-jitsu para o público feminino no contra turno do trabalho. Momento em que realmente encontrou no esporte seu sustento e uma oportunidade para mudar a vida de mulheres vítimas de violência e com depressão.

Foi em 2017, por força de dois ataques violentos a mulheres na Irlanda, que um novo projeto surgiu na rotina da brasileira: dar aulas gratuitas de defesa pessoal.

Durante o contato com as alunas, a atleta percebeu que eliminar o medo da agressão, dar fim a pensamentos depressivos, superar doenças e resgatar a autoestima eram tão importantes para quem frequentava o tatame quanto se autodefender.

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John Kavanagh, treinador de Conor McGregor, um dos mais renomados lutadores de UFC do mundo, foi quem deu a primeira oportunidade de Jaqueline trabalhar com mulheres / Imagem: divulgação

"No tatame, lutamos, mas também ensinamos sobre autoconfiança, a importância de manter o pensamento positivo, sobre vulnerabilidade, linguagem corporal, postura e como se defender de um possível ataque. Perdi as contas de quantas mulheres chegaram até mim sem perspectiva, sem alegria, doentes, e mudaram a vida por completo, por meio do Esporte. Mulher pode tudo: estar no tatame, se empoderar, sobreviver aos obstáculos e refazer sua história quantas vezes forem necessário, assim como fiz com a minha", comemora Jaqueline.

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