Diário de São Paulo
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Nunca haverá a bancada do povo de rua?

Conhecida como “arquitetura defensiva”, é caracterizada pela instalação de equipamentos urbanos que visam afastar pessoas, principalmente as que estão em situação de rua - Imagem: Domingos Peixoto | G1 via Grupo Bom Dia
Conhecida como “arquitetura defensiva”, é caracterizada pela instalação de equipamentos urbanos que visam afastar pessoas, principalmente as que estão em situação de rua - Imagem: Domingos Peixoto | G1 via Grupo Bom Dia

Marcelo Emerson Publicado em 21/07/2022, às 08h34


O Brasil vive uma crise econômica, social e política sem precedentes. Houve um empobrecimento geral da nação. O poder de compra do dinheiro está corroído. Se a situação é grave para o trabalhador com carteira assinada, a vida daqueles que trabalham em situaçâo precária é ainda mais desalentadora. É triste, mas é verdadeira a constatação de que milhões de trabalhadores vão dedicar os melhores anos de sua produtividade e chegarão à velhice sem poder usufruir dos direitos mais básicos.
Mas situação grave mesmo vive a populaçâo que mora nas ruas.
O povo de rua é bastante diversificado e os motivos pelos quais um ser humano chega ao extremo da miséria são os mais diversos. A ignorância sobre a realidade daqueles que vivem nas ruas leva muitas pessoas a criticá-los com base numa mal ajambrada "meritocracia".
Um exemplo que faz cair por terra essa tal "meritocracia" é que os moradores de rua que procuram emprego encontram diversos obstáculos para serem aceitos numa empresa e a falta de endereço é apenas um deles.
Dizer que alguém passa a morar nas ruas porque prefere receber esmolas ao invés de trabalhar é de uma ignorância atroz, se não for caso de cinismo hipócrita.

Os políticos, que sâo pagos para servir o público, inclusive os moradores de rua, hoje se limitam a participar de um jogo de disputas eleitorais de dois em dois anos, com pouca apresentação de soluções para os problemas econômicos mais prementes. Em termos políticos, nos limitamos a assistir ao debate entre "comunistas" versus "fascistas", como se o Brasil ficasse melhor com a vitória de um time de futebol ou de outro.
Numa sociedade que só respeita os resultados económicos, as pessoas se tornam objetos que só valem pela utilidade que apresentam para o sistema de produção e circulação de riquezas. Elas são esvaziadas de sua humanidade e passam a valer menos do que um animal, caso não consigam mais se colocar nas engrenagens da máquina de moer humanos.
Na democracia representativa, diversos grupos económicos conseguem fazer a gestão política de seus interesses e pressionam os poderes públicos para viabilizar os resultados econômico-financeiro de seus investimentos. E pelos moradores de rua, quem vai lutar? Nunca veremos a bancada do povo de rua nas casas legislativas? Bella meritocracia!

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