Entrevistas, debates, sabatinas

Na última semana, com as entrevistas dos principais candidatos à Presidência da República  ao Jornal Nacional, voltou-se à discussão sobre a importância dessas interações durante as campanhas eleitorais. E, com a iminência do primeiro debate, também tomou conta, das redes sociais e dos programas jornalísticos, a disputa entre os que acreditam que Lulae Bolsonaro devem ir, e os que acham que eles não devem aparecer para debater.

Para mim, os debates, as entrevistas e as sabatinas deixaram de ser importantes como definidores da intenção de voto. Na verdade, com o excesso de edições de vídeos para o Instagram, o Tiktok e o Kwai, a ideia é simples: o candidato tem que lacrar por 30 segundos em alguns momentos nos debates e entrevistas, e esses pedaços vão recortadinhos para os celulares dos torcedores.

Se há argumentos, ideias, projetos, pouca gente se dá conta disso. O importante é dizer que o seu candidato venceu, ou que o outro foi humilhado, ou ainda que os jornalistas foram incompententes ao não pressionar o adversário.

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Por isso, o que vale na escolha para a Presidênciaé o lado em que se está. Só vai votar diferente de 2018 quem realmente se decepcionou com o atual presidente. E esses devem ser bem poucos, porque a paixão tem se mostrado maior do que qualquer racionalidade de julgamento.

Resta então fazer os que não votaram ir para as urnas, ou conquistar os novos eleitores. Estes vão olhar para as edições e os memes do TikTok, enquanto aqueles vão ser conquistados por multiplicadores, que são os microinfluenciadores das igrejas, das universidades, dos ambientes de trabalho e, claro, também das redes.

Bonner e Renata, debates de três horas de duração e sabatinas na FIESPserão só notícia. Nenhuma performance nesses lugares, a não ser que gere algum meme muito importante, vai conquistar algum voto.

Porque, no final das contas, isso nem é importante mesmo. O que vale de verdade é, repito como já fiz aqui algumas vezes nas últimas semana, quem você vai levar para o Congresso.  A chave para qualquer argumentação e mudança de verdade no Brasil passa por essa escolha.

Portando, vamos acompanhar os debates,  as entrevistas e as sabatinas porque elas existem e são importantes para a nossa troca de ideias diária. E, assim, como a divulgação das pesquisas, vamos tratando tudo isso como se fosse uma grande telenovela.

_{Sobre o autor:}

_{Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social}

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