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Do que você tem medo, militante?

Do que você tem medo, militante? - Imagem: Reprodução | ABr via PragmatismoPolitico
Do que você tem medo, militante? - Imagem: Reprodução | ABr via PragmatismoPolitico

Marcelo Emerson Publicado em 11/08/2022, às 08h17


As eleições presidenciais se aproximam e a polarização política permanece firme. Bolsonaristase lulistas não cedem espaço uns para os outros, principalmente nos debates em redes sociais.

Muito dessa polarização se alimenta em grupos nos principais aplicativos digitais, onde os militantes de ambos os lados buscam as informações necessárias para manter a guarda levantada contra o “inimigo”.

Um dos elementos agregadores mais eficazes é o medo. Oliveira Vianna ensina que: “a solidariedade humana é, historicamente, um produto do medo, resulta da necessidade de defesa contra os inimigos comuns, feras ou homens”.

Os líderes políticos conhecem essa verdade e mantêm erguida a bandeira do medo, da ameaça do inimigo comum, seja ele real ou imaginário. Sabem que, se arrefecerem o tom do discurso contra os adversários, se amenizarem as ameaças contra eles, há o risco de esfriamento dos ânimos da militância.

O citado jurista e historiador esclarece que: “Daí vem que, em qualquer sociedade humana, desde que a pressão de um grande perigo social deixe progressivamente de se fazer sentir, as formas objetivas de solidariedade se reduzem, pouco a pouco, e cada vez mais, às expressões rudimentares”.

Os militantes da direita gostam de pensar que são individualistas, mas não se furtam a apelar para ideias coletivistas como pátria, família, igreja ou entidades de classe quando sentem que há um inimigo que os une. Os condutores da militância sabem que necessitam do medo ao inimigo para manter a militância unida.

É comum vermos os militantesda direita apontando o dedo contra o inimigo, alertando para alguma ameaça iminente, sejam eles reais ou imaginários. Apenas para citar exemplos, é comum para o militante de direita pensar que luta contra esquerdistas, petistas, comunistas, ideologia de gênero, igualdade econômica e social, justiça social.

Tal prática impede o diálogo e obstaculiza qualquer tentativa de negociação política.

Poucos são os militantes que conseguem realmente explicar quais as principais características do tal “inimigo”, mas todos estão dispostos a disparar suas intermináveis mensagensvirtuais contra todos eles.

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