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Você topa ficar off-line de novo?

Por Fernanda Trigueiro

Fernanda Trigueiro
Fernanda Trigueiro

Redação Publicado em 15/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h02


Por Fernanda Trigueiro

Você topa ficar off-line de novo?

Depois da pane geral da semana passada, o cofundador do Facebook e principal acionista da empresa, Mark Zuckerberg, teve um prejuízo que para nós, meros mortais, é incalculável. Foram cerca de US$ 6 bilhões. Mas e você perdeu o quê com o apagão? Quem tem o trabalho atrelado ao mundo virtual ficou sem vender. Quem depende das redes para fazer entregas se sentiu sem rumo e teve até quem entrou em desespero ao se ver off-line. Na tentativa de se reconectar, muitos procuraram até mesmo outras plataformas.
A última vez que o Facebook teve uma interrupção como essa foi em 2019. O impacto naquele ano não pode nem ser comparado esse de 4 de outubro. Já que a cada dia, a população fica mais dependente do virtual, sem falar da pandemia que acelerou ainda mais este processo.
Quando o mundo se reconectou, soubemos dos efeitos colaterais. Crises de ansiedade, mau humor e até depressão. Sintomas que dizem muito sobre a sociedade de hoje. Uma sociedade que vive a Síndrome de FoMO. Para quem não sabe é um transtorno cada vez mais diagnosticado nos consultórios médicos. Uma angústia social causada principalmente pela relação de dependência dos usuários com a tecnologia. Um vício mesmo como o de álcool e drogas. A sigla para “Fear of Missing Out” é, em português, o medo de estar perdendo algo.

E se este pane acontecesse mais uma vez, já pensou nisso? Se naquela segunda-feira fatídica, o seu trabalho parou, algo tem que ser feito para ontem. As ferramentas surgiram para ajudar e não para te fazer refém. Tenha sempre um plano B, veja outras tecnologias e opções de mercado. Afinal o sistema pode parar, mas suas contas, não. Elas vão chegar da mesma forma.
Agora, se o impacto foi na sua vida pessoal, repense o seu modo de viver e a importância que dá ao conteúdo e as pessoas que segue. Na era das redes sociais, é tudo ou nada. De um lado a vida, que parece perfeita, com cliques dignos de ensaios de revistas, poses nada espontâneas, cenários cinematográficos, sorrisos e brindes à beira mar. Do outro, um mundo sombrio de perfis fakes cheios de ataques, mensagens de raiva gratuita, mentiras e críticas sem embasamento.

As mídias sociais deram o direito de fala para todos, permitem essa condição de ambiguidade e você fica no meio. Cabe somente ao usuário escolher como irá aproveitar essa enxurrada de informação que chega. Faça uma limpa nos perfis que segue, por exemplo. Se te faz se sentir inferior e te desperta uma comparação, pare de seguir. Se as postagens, vídeos e pensamentos não condizem com seus princípios, não critique, apenas deixe de acompanhar. Seja coerente e faça das suas redes sociais algo que te agregue e que te faça ser alguém melhor todos os dias. Reclamamos tanto do mal que elas fazem, e esquecemos que somos nós que nos deixamos levar. Aproveite aquelas seis horas forçadas em que ficou off para tentar repetir a dose e desligar mais vezes. Passe o fim de semana com os amigos sem precisar postar uma foto. Se não gostou do post, não precisa falar mal, só passe para o próximo. Não dissemine informações suspeitas e mentirosas. Por favor, não espalhe o ódio. Preserve histórias, troque a curtida por um abraço, viva as experiências, dê valor às pessoas reais e principalmente, reveja o papel que as redes sociais estão tendo na sua vida.

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