Diário de São Paulo
Siga-nos
Milagre da medicina

Médicos anunciam 4º caso de cura de paciente com HIV

Indícios da doença desapareceram no corpo do paciente após transplante de medula

Paciente sofria com o vírus desde 1988 - Imagem: Freepik
Paciente sofria com o vírus desde 1988 - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 27/07/2022, às 16h50


Um homem diagnosticado com HIV desde a década de 1980 foi curado, declararam os seus médicos. O fenômeno representa o quarto caso do tipo no mundo.

De acordo com informações da BBC, o paciente de 66 anos, cuja identidade permanece em sigilo, recebeu um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia, e o doador era naturalmente resistente ao vírus.

O homem suspendeu o uso de medicamentos para tratar o HIV. Ele é conhecido como o Paciente City of Hope ("Cidade da Esperança", em tradução livre) em homenagem ao hospital onde foi tratado em Duarte, na Califórnia.

Após o resultados do exames ele declarou que está “mais grato” pelo vírus não poder mais ser encontrado em seu corpo.

Segundo o paciente, muitos de seus amigos morreram de HIV no passado, antes que os medicamentos antirretrovirais pudessem dar a eles uma expectativa de vida quase normal.

Agonia de mais de 30 anos

O vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês) afeta o sistema imunológico do corpo. Ele pode levar à Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) e dificultar a defesa do corpo contra infecções.

Em entrevista à rede britânica, o paciente relatou as dificuldades sofridas quando recebeu o diagnóstico do HIV anos atrás.

"Quando fui diagnosticado com HIV em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV."

No entanto, o paciente recebeu o transplante de medula óssea para tratar uma leucemia que desenvolveu aos 63 anos. Diante da urgência do caso, a equipe médica responsável pelo tratamento decidiu que o homem precisava do transplante para substituir sua medula óssea doente por células normais. Por coincidência, o doador era resistente ao HIV.

O HIV penetra nos glóbulos brancos do corpo humano por meio de uma porta microscópica, uma proteína chamada CCR5. Contudo, algumas pessoas, incluindo o doador, têm mutações CCR5 que bloqueiam essa passagem e, consequentemente, impedem a entrada do vírus.

Depois do procedimento, o paciente foi monitorado e, milagrosamente, os níveis de HIV se tornaram indetectáveis ​​em seu corpo e esse quadro se mantém há 17 meses.

"Ficamos entusiasmados em informá-lo que seu HIV está em remissão e que ele não precisa mais tomar a terapia antirretroviral que estava usando há mais de 30 anos", relatou Jana Dickter, infectologista do hospital City of Hope.

Precedentes

Uma situação semelhante ocorreu pela primeira vez em 2011, quando Timothy Ray Brown, conhecido como o Paciente de Berlim, se tornou o primeiro paciente no mundo a ser curado do HIV.

Por outro lado, mais três casos parecidos foram registrados nos últimos três anos.

O paciente do City of Hope é a pessoa mais velha e que vive com HIV há mais tempo a ser tratada com esse procedimento.

No entanto, especialistas afirmam que os transplantes de medula óssea não vão revolucionar o tratamento para os 38 milhões de pessoas que têm HIV no mundo atualmente.

"É um procedimento complexo com efeitos colaterais significativos. Portanto, não é realmente uma opção adequada para a maioria das pessoas que vivem com HIV", pontuou Jana Dickter.

Apesar disso, os pesquisadores estão procurando novas soluções por meio de uma proteína CCR5 usando terapia genética. Dessa maneira, trazendo esperança para milhões de pacientes com HIV.

Compartilhe  

últimas notícias