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COMIDA SUSPEITA

Estudo do Idec aponta que 58% dos alimentos ultraprocessados têm problema; JBS contesta

Comer um nugget ou um requeijão, dependendo do selo, pode significar a ingestão de resíduos de agrotóxicos perigosos

O "veneno" que chega aos alimentos - Imagens:reprodução Idec/Stock
O "veneno" que chega aos alimentos - Imagens:reprodução Idec/Stock

Jair Viana Publicado em 07/08/2022, às 14h03


No Brasil, pelo menos 58% dos alimentos ultraprocessados apresentam a presença de agrotóxicos que podem ser cancerígenos, segundo revela um estudo divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A pesquisa aponta resultados do segundo volume de testes sobre a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados comuns na mesa do brasileiro. A entidade publicou o primeiro volume dos estudos no ano passado. Nesta primeira edição do estudo ficou claro pela primeira vez um perigo duplo: além desses alimentos representarem problemas crônicos de saúde, os ultraprocessados também estão contaminados com agrotóxicos

No final do mês passado, o segundo volume da pesquisa, que é realizada com o mesmo método científico e metodologia de testagem de agrotóxicos, mas desta vez analisando ultraprocessados de origem animal, como carnes e leites, os problemas ficaram mais evidentes.

No toral foram 24 amostras de produtos de oito categorias de alimentos ultraprocessados que estão entre alguns dos mais consumidos pelos brasileiros, como salsicha, empanado de frango e requeijão. 

Os resultados, segundo o Idec “foram bastante preocupantes”. De 24 ultraprocessados derivados de carnes e leite analisados, 14 apresentaram resíduos de agrotóxicos. Todas as categorias de produtos de carne e 2 das 3 marcas de requeijão apresentaram resíduos desses compostos, entre eles o glifosato, agrotóxico que é considerado como "provável cancerígeno" pela ONU. Apesar de já ter sido proibido em diversos países, no Brasil segue sendo o agrotóxico mais utilizado. 

O Idec divulgou ainda, os produtos com maior concentração de resíduos dos agrotóxicos. Na lista da entidade estão o Empanado de Frango (nugget) Seara, com 5 agrotóxicos, o Requeijão Vigor, com 4 agrotóxicos, e empatados no terceiro lugar do ranking do veneno, estão o Requeijão Itambé e o Empanado de Frango (nugget) Perdigão com 3 agrotóxicos. Já as bebidas lácteas Nescau, Toddy e Pirakids e os iogurtes Activia, Nestlé e Danone não apresentaram resíduos. Ainda assim, a pesquisa do Instituto afirma que é possível que o produto analisado tenha dado resultado negativo para a presença de resíduos nesse lote, mas que o resultado seja diferente para outros lotes.

O Diário procurou os fabricantes citados, cujos produtos fabricados apresentaram presença d resíduos de agrotóxicos, mas até o fechamento desta reportagem não havia se manifestado. Assim que se posicionarem, o texto será atualizado com suas versões.

JBS

Em resposta ao Diário de São Paulo, a JBS, dona da marca Seara, manifestou estranheza pelo de o Idec desconsiderar que em março deste ano a empresa apresentou todos os dados referentes à constatação feita sobre resídios de agrotóxicos em um de seus produtos. Veja a nota na íntegra:

"A Seara forneceu ao Idec, em março de 2022, respostas técnicas detalhadas sobre os itens supostamente encontrados em seus produtos e lamenta que esses esclarecimentos não tenham sido contemplados no relatório publicado. Todos os produtos avaliados respeitam os parâmetros para itens alimentares regulamentados pela ANVISA.

A empresa mantém vigilância ativa de controle de matérias-primas de origem animal, vegetal e mineral, além de laboratório próprio dedicado a pesquisas de resíduos e contaminantes. Reforçamos o compromisso com a qualidade dos nossos produtos Seara, que é reconhecida mundialmente.
As unidades têm processos de controle rigorosos e, além de submetidas a inspeções públicas, são auditadas por clientes dos mercados interno e externo."
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