Os números da pesquisa foram divulgados na última segunda-feira (26)
Nathalia Jesus Publicado em 27/12/2022, às 11h16
Os óbitos causados pelo vírus da Covid-19 deixaram até o momento 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil, de acordo com uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os especialistas e autores da pesquisa concordam que houve um atraso na tomada de iniciativas que poderiam prevenir a infecção e, consequentemente, a morte dessas mulheres nos dois primeiros anos de pandemia.
O artigo publicado originalmente em inglês, em 19 de dezembro, pode ser consultado através do site. Para as fontes, os pesquisadores utilizaram dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2020 e 2021, e o Sistema de Informações sobre os Nascidos Vivos (Sinasc) entre 2003 e 2020.
Em entrevista ao portal Poder360, o coordenador do Observatório da Saúde na Infância, Cristiano Boccolini, alerta que as crianças e os adolescentes afetados pela morte das mães durante a pandemia necessitam de maior assistência em seu desenvolvimento:
“Considerando a crise sanitária e econômica instalada no país, com a volta da fome, o aumento da insegurança alimentar, o crescimento do desemprego, a intensificação da precarização do trabalho e a crescente fila para o ingresso nos programas sociais, é urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo de 40.830 crianças e adolescentes que perderam suas mães em decorrência da covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia”, afirma o coordenador.
Celia Landmann, pesquisadora do Laboratório de Informação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), conta que essas crianças são propensas a desenvolver problemas emocionais por conta da perda.
“A morte de um dos pais, e em particular da mãe, está ligada a desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família. As crianças órfãs são mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais, o que exige programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da orfandade", diz a especialista.
De acordo com outra análise constatada no estudo, a Covid-19 foi responsável por mais de um terço das mortes de mulheres por complicações no parto e no nascimento no dois primeiros anos de pandemia.
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