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Saúde Mental

Atriz Letícia Sabatella descobre autismo e fala sobre diagnóstico tardio

A atriz foi diagnosticada aos 52 anos e contou como tem sido o processo de aceitação

A atriz foi diagnosticada aos 52 anos e contou como tem sido o processo de aceitação - Imagem: Reprodução/Instagram
A atriz foi diagnosticada aos 52 anos e contou como tem sido o processo de aceitação - Imagem: Reprodução/Instagram

Ana Rodrigues Publicado em 18/09/2023, às 10h59


A atriz Letícia Sabatella, de 52 anos, foi recentemente diagnosticada com autismo. Após o diagnóstico, a artista começou a falar sobre o tema em suas redes sociais. 

Em entrevista cedida ao Fantásticoneste domingo (17) , a atriz falou um pouco sobre sua vida, antes do diagnóstico. Ela conta que quando tinha nove anos, acabou sendo rejeitada pelas meninas de seu colégio, devido o seu jeito e ainda afirmou que na época, não entendia o porquê. Ainda contou que tinha um imaginário muito rico e que ficava apaixonada pelas coisas.

Um prego tinha vida", contou. 

Ainda contou sobre algumas dificuldades, como reação a muito barulho, onde alegou ter horas que acaba passando mal. 

Parece uma agressão. Gosto muito do toque, mas se alguém fica fazendo assim [alisando], dá vontade de pedir para parar".

Para ela, o diagnóstico foi como uma sensação libertadora e falou que está buscando a melhor compreensão, sem desespero algum com relação a isso. Contou que tem hipersensibilidade, onde é uma característica que a tornou uma pessoa muito sensível. Ainda falou que teve fortes gatilhos, cansaço e ansiedade. Mas, sua vontade não era de ter reagido daquela maneira.

Comentou também sobre os rótulos que sempre recebia.

Sempre fui reconhecida como pisciana, artista, sonhadora, romântica, idealista. Até em algumas situações mais abusivas como maluca".

Sabatella ainda falou que está aprendendo sobre o autismo. 

Estou aprendendo sobre esse assunto. Não sei sobre ele. Eu sei sobre mim, muito intuitivamente. Essa é o valor de um bom diagnóstico para margear o caminho. Uma pessoa que não se conhece fica mais suscetível a ser oprimida".

Em suas redes sociais, Letícia fala sobre o processo de aceitação do autismo e expõe que, muitas vezes, perdeu amizades ou as pessoas ficavam chateadas com ela, pois ela não conseguia sair de casa. Ir ao cinema, por exemplo, era uma experiência sensorial muito forte para a atriz, como se estivesse tendo um "sonho premonitório que iria definir a minha vida, de tão sensível", segundo matéria do Splash

E, para ela, ser diagnosticada, mesmo que tardiamente, foi libertador:

Há um tempo atrás eu estava fazendo algumas perguntas, pedindo uma luz. Porque eu sempre me senti, desde criança, que às vezes eu despertava acordada para uma consciência que me pegava de uma hora para outra. Por um lado, receber um diagnóstico tardio, faz entender que [nada na vida até aqui] foi limitante. Pra Clara [filha de Letícia, de 30 anos] também. Ela já fez muitas coisas que se ela fosse se atentar a um tipo de olhar, ou um tipo de compreensão do diagnóstico, ela não ia achar que poderia ser capaz de fazer".

Apesar disso, ela ressalta que se o diagnóstico fosse feito antes, aliviaria muitas tensões e talvez trouxesse mais inclusão na época da escola. 

O cuidado é: o diagnóstico aliviaria muitas tensões, talvez traria muito mais inclusão em escola, em ambientes de demanda ou protege também, me protegeria de algumas roubadas, de algumas crenças, medos, insegurança, de autoestima prejudicada", destacou Sabatella.

E, para finalizar, ainda falou o por que foi positivo receber o diagnóstico. 

Eu comecei a achar muito interessante o diagnóstico por conviver com pessoas e compreender as pessoas que lidam com isso e que percebem o alívio que isso traz. O diagnóstico é menos estigmatizante do que os adjetivos, que podem vir reducionistas. Esses sim que podem tachar". 

Autismo em adultos

O autismoé uma condição que geralmente é diagnosticada em crianças em sua maioria, mas vem sendo cada vez mais frequente em adultos também. O TEA (transtorno do espectro autista) apresenta vários graus, e sua identificação pode passar despercebida se não for dada a devida atenção. 

O diagnóstico tardio de autismo é frequentemente causado pela falta de acesso e informações ao sistema de saúde e por dificuldades emocionais ou financeiras dos pais. E, geralmente, o diagnóstico tardio é ligado a pessoas que conseguem levar uma vida autônoma e funcional. 

Após o diagnóstico, o paciente é encaminhado a especialistas que podem auxiliá-lo na superação de suas limitações. Sem o suporte apropriado, essas limitações podem se tornar mais inflexíveis, resultando em um processo mais lento de melhoria dos sintomas em adultos. Fora que, a ausência de um diagnóstico de autismo e a falta de suporte adequado podem levar a dificuldades sociais e acadêmicas, frequentemente desencadeando outros transtornos, como ansiedadee depressão, devido à sensação de ser diferente ou sofrer bullying.

Os sintomas mais comuns em adultos são:

  • Dificuldade em reconhecer emoções; 
  • Desafios em interação social; 
  • Alta sensibilidade sensorial;
  • Rigidez mental e dificuldade em compreender pistas sociais;
  • Adultos autistas frequentemente enfrentam problemas na socialização e na interpretação de comunicações não verbais;
  • Hiperfoco no trabalho;
  • Aversão a mudanças na rotina;
  • Hipersensibilidade a estímulos sensoriais, como ruídos altos, também são sinais comuns.

Além disso, o autismo em adultos é frequentemente associado a comorbidades psicológicas, como ansiedade, depressão, TDAH, TOC e irritabilidade emocional, bem como a problemas fisiológicos, como distúrbios gastrointestinais, distúrbios do sono e dificuldades motoras.

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