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Corrupção

PF descobre depósitos em dinheiro vivo de Cid para Michelle Bolsonaro

Os repasses para a ex-primeira-dama totalizaram R$ 8.600,00, informaram os investigadores

Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em evento do PL Mulher - Imagem: reprodução/PL Mulher
Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em evento do PL Mulher - Imagem: reprodução/PL Mulher

Mateus Omena Publicado em 15/05/2023, às 11h37


A Polícia Federal (PF) anunciou nesta segunda-feira (15) que identificou uma suspeita de depósitos em dinheiro vivo feitos pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro (PL).

A ação teria sido feito com desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto no governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo a corporação, uma assessora de Michelle também estaria envolvida nas transações.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio em uma operação da Polícia Federal sobre fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Para diversos veículos de imprensa, a defesa de Bolsonaro e Michelle negou as irregularidades e declarou, em nota, que tem "absoluta convicção que todos os pagamentos referentes ao dia a dia da família eram feitos com recursos próprios."

Segundo uma reportagem do jornal Estadão, no último sábado (13), foi revelado pela PF o diálogo entre Cid e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, assessora da então primeira-dama.

"Se ela (Michelle) perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então, não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente", disse Mauro Cid, em 25 de novembro de 2020, a Giselle dos Santos Carneiro da Silva, assessora da então primeira-dama, de acordo com áudio obtido pela PF.

"É a mesma coisa do Flávio", disse Mauro Cid a Giselle em outro trecho do áudio, reforçando a preocupação com o caso.

A PF também afirmou que identificou uma empresa com contrato na Codevasf como origem de recursos transferidos a um integrante do Palácio do Planalto, que seria responsável pelo pagamento das despesas de Michelle Bolsonaro. Os investigadores acharam também, em mensagens por WhatsApp, sete comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Cid, enviados por imagens. O dinheiro foi encaminhado às assessoras da ex-primeira-dama.

De acordo com a corporação, os comprovantes foram localizados tanto no grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens da Presidência da República, quanto em trocas de mensagens.

Os repasses para a ex-primeira-dama totalizaram R$ 8.600,00. Os depósitos eram feitos em valores pequenos, com o objetivo de impedir o alerta aos órgãos de controle e a identificação de irregularidades, uma prática comum nos casos de rachadinha, segundo a investigação.

Como tudo foi feito em dinheiro vivo, não há como identificar a origem dos valores, disse a PF. O inquérito agora apura se os pagamentos seriam provenientes do desvio de recursos públicos do Palácio do Planalto.

Por outro lado, outra transferência bancária, no valor de R$ 5.000,00 foi realizada em junho de 2021 diretamente da conta de Mauro Cid para a conta de Michelle.

Por causa das transações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid e outros servidores que trabalhavam na Ajudância de Ordens da Presidência.

A quebra do sigilo bancário de Mauro Cid foi revelada em setembro de 2022 pelo jornal Folha de S.Paulo. A PF está tentando identificar outras transações suspeitas envolvendo a primeira-dama e a Ajudância de Ordens.

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