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Rodrigo Constantino: Quem confia em Barroso?

“Hoje em dia sinalizamos para uma eleição, não que está dividida, mas que não vai se confiar nos resultados da apuração'', disse o presidente Bolsonaro a

Rodrigo Constantino: Quem confia em Barroso?
Rodrigo Constantino: Quem confia em Barroso?

Redação Publicado em 13/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 19h07


Quem confia em Barroso?

Rodrigo Constantino

“Hoje em dia sinalizamos para uma eleição, não que está dividida, mas que não vai se confiar nos resultados da apuração”, disse o presidente Bolsonaro a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, na manhã desta quarta-feira, após a derrota da PEC do Voto Impresso. A PEC foi derrubada pelo plenário da Câmara na noite de terça-feira, com 229 favoráveis à proposta e 218 votos contrários, além de uma abstenção e dezenas de ausências. Para que o texto fosse aprovado, seria necessário o apoio de, no mínimo, 308 deputados.

“Metade do parlamento que votou sim ontem quer eleições limpas; outra metade, não é que não queira, ficou preocupada em ser retaliada”, pontuou o presidente. Bolsonaro afirmou que o resultado teria mostrado que “a maioria da população está conosco, está com a verdade”. De fato, seja pela população nas ruas, seja pela enorme pressão nas redes sociais, está claro que boa parte do povo deseja mudanças no sistema eleitoral. Pesquisas apontam que cerca de metade não confia no modelo atual.

Sem voto impresso, o que o TSE fará para reduzir a desconfiança nas urnas eletrônicas? Eis a pergunta que fica no ar. A resposta: contratar o marqueteiro que pagava consultoria a Zé Dirceu! Parece uma estratégia vencedora? Não custa lembrar de alguns pontos importantes: 1. Barroso fez campanha pelo sistema atual, praticando inclusive ingerência no Legislativo com articulações indevidas; 2. o TSE tentou esconder do público que a urna “inviolável” foi violada, e um hacker navegou pelo sistema por meses, sem falar que os rastros do que foi feito foram apagados pelo próprio TSE.

Isso só veio a conhecimento público graças ao presidente, mas o TSE achou adequado atirar no mensageiro e incluir Bolsonaro em inquéritos ilegais. Barroso gravou vídeos em várias línguas para repetir basicamente a seguinte mensagem: “la garantia soy yo”. O ministro diz que nosso sistema é “provavelmente” o mais seguro do mundo, sem explicar por que países tão mais ricos e desenvolvidos rejeitam a urna eletrônica sem materialidade do voto, o que só é adotado por Bangladesh e Butão, além de nós. O TSE ainda espalha Fake News afirmando que temos urnas auditáveis, o que não é verdade no sentido que o povo cobra – saber se quem aparece na tela foi realmente quem teve o voto computado.

Barroso é o ministro “iluminado” que pretende “empurrar a história”, o que na prática significa debater política com um imitador de focas completamente idiota. Barroso já teceu os mais incríveis elogios a João de Deus, chamado por ele de alguém “transcendente”. Barroso tem postura extremamente ativista como ministro supremo, buscando legislar pautas de costumes sem qualquer voto, e sempre com uma visão radical de esquerda, ou “progressista” como os socialistas se chamam hoje. E, por fim, Barroso está em evidente campanha contra Bolsonaro, como se fosse um militante partidário, não um juiz imparcial.

Diante desse quadro brevemente resumido acima, fica a questão: quem pode confiar num sistema cuja principal garantia é a palavra de Barroso de que sua lisura é total?

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