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COLUNA

Lula dá tiro no próprio pé quando fala em público

Imagem: Divulgação / Ricardo Stuckert
Imagem: Divulgação / Ricardo Stuckert
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 30/06/2024, às 06h00


Há casos emblemáticos de líderes políticos que transformaram situações ruins em momentos excepcionais. Um craque na arte de seduzir e convencer os ouvintes foi o ex-presidente norte-americano Ronald Reagan. Bastava uma simples aparição diante das câmeras de televisão para mudar totalmente o sentimento de crítica da população em torcida para determinada causa que defendia.

Aqui no Brasil, tivemos Mário Covas. Até os adversários políticos reconheciam que seus discursos possuíam o poder de magnetizar as pessoas. Não foram poucas as vezes em que o líder do partido oposicionista conclamou os políticos de outras agremiações ideológicas a comungar suas teses. Veja, por exemplo, a habilidade com que iniciou seu discurso em 12 de dezembro de 1968.

Conquistava aliados e adversários

Antes de entrar na essência da mensagem que desejava transmitir, procurou afastar as objeções que naturalmente encontraria ao longo de seu pronunciamento. Era a fala de um estadista, que transitava com liberdade e sabedoria acima das diferenças políticas:

“Sr. Presidente, permita V. Exa. E os meus pares que eu reivindique, inicialmente, um privilégio singular: o de despir-me da roupagem vistosa da liderança transitória, com que companheiros de partido me honraram, para falar na condição de membro desta Casa, sem outra representação senão a outorga oferecida por aqueles que para cá me enviaram. Será, talvez, um desvio regimental consentido, entretanto, plenamente compreensível, já que a causa que somos obrigados a apreciar sobreporia, superpõe-se às próprias agremiações partidárias”.

É muito raro hoje observar um pronunciamento agregador, que procure unir políticos de todos os matizes em torno de uma causa comum. Não, o que vemos, com reiterada frequência, são discursos raivosos, que pregam a discórdia, a divisão, a separação. Tentam a todo o custo separar os homens das mulheres, os brancos dos negros, os patrões dos empregados, os nordestinos dos sulistas ...

As incoerências verbais

Falam em união, em pacificação, em concórdia, mas em nenhum momento dão exemplos de que defendem efetivamente essa convivência pacífica. É a incoerência da palavra em ato contínuo. Defendem a causa, que deveriam mesmo defender, para em seguida, dentro da mesma mensagem contrariar as próprias palavras. Sim, independentemente da crença partidária, sentimos falta de oradores da estirpe de um Mário Covas.

Terminada uma contenda política, para o bem do país, as bandeiras deveriam ser arreadas, as armas depositadas, os ódios superados. Afinal, depois de eleito, o vencedor precisa se conscientizar de que representa não apenas os seus eleitores, mas sim toda a população. As suas decisões deverão beneficiar as pessoas que estão à procura de dias melhores para sua vida e para a sua família.

Torcer para dar certo

Os brasileiros que não votaram em Lula, por exemplo, por mais que possam não gostar do vencedor das eleições, pensando no bem do país, devem torcer para que tudo dê certo. A Pátria progredindo, teremos mais empregos, mais salários, economia mais pujante e dias melhores para as gerações que virão.

Lula, entretanto, não tem ajudado. A cada pronunciamento, contrariando a vontade da maioria, opondo-se às boas práticas econômicas, prega o que já deveria ter sido sepultado há décadas. Qualquer estudante do primeiro ano de Economia sabe que um país não pode gastar mais do que arrecada.

Teses ultrapassadas

Não pode tentar favorecer a população com benefícios que não estão dentro do orçamento da Nação. Mas por falta de orientação, ou por não enxergar de forma clara essa realidade, defende o aumento de arrecadação, que sufoca a população, e diz não se preocupar com os limites de gastos. E fala com uma certeza que encontra eco apenas em seus seguidores, em ninguém mais. Atualmente, até nem em seus adeptos.

A consequência de seus disparates é o tumulto e a desconfiança no mercado. O dólar dispara. As taxas de juros precisam continuar em patamar elevado. Os investidores externos fogem para garantir a segurança do seu capital. Quem perde é o país. Quem sai prejudicada é a população. Quem vê esgarçada a expectativa de dias melhores são as gerações que viverão no amanhã.

Quem sabe, depois de tantos desatinos verbais, o presidente tome consciência de que a fase das suas primeiras gestões já foi. Que os tempos são outros. Que uma administração competente necessita de ações adequadas à nova realidade. Como brasileiros que desejamos um país melhor para nós e para os nossos filhos, vamos torcer para que baixe em nossos governantes essa luz da prudência do bom senso e da sabedoria. Oxalá! 

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