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Denúncia

Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, é indiciado por crimes sexuais

O empresário está sendo investigado desde 2020

O advogado de Saul Klein afirmou que o empresário ainda não recebeu nenhuma notificação - Imagem: reprodução / divulgação G1
O advogado de Saul Klein afirmou que o empresário ainda não recebeu nenhuma notificação - Imagem: reprodução / divulgação G1

Bianca Souza Publicado em 20/10/2022, às 09h13


O empresário Saul Klein, filho do fundador das lojas Casas Bahia Samuel Klein, foi indiciado pelo Ministério Público do Trabalho em São Paulo, pelo crime de tráfico de pessoas submissas as condições análogas à escravidão. O valor da indenização pedida é de R$ 80 milhões.

De acordo com as informações do MPT, as investigações começaram em 2020, logo depois do recebimento de denúncias de estupro, tráfico de pessoas e favorecimento à prostituição praticados por Saul.

A acusações feitas contra o empresário, vieram de 14 garotas que relataram ter sofrido inúmeros tipos de abusos e outros crimes, incluindo o de aliciamento.

Como justificativa para o valor indenizatório solicitado pelos crimes, o órgão afirmou que trata-se de uma reparação dos danos.

"A título de reparação pelos danos causados por suas condutas ilegais aos direitos difusos e coletivos, por manter trabalhadoras em situação de tráfico de pessoas para fins de exploração em condições análogas a de escravas sexuais", informou.

O MPT também alegou que a pena é uma ação necessária. "Medida contundente de contenção e reparação por todas as práticas repugnantes aqui narradas, sob pena de o Poder Judiciário ser conivente com uma sociedade de mulheres abjetas, negociáveis e mercantilizadas como se bonecas infláveis fossem", afirmou o órgão.

Destino da indenização

Caso a Justiça determine que Saul Klein realize o pagamento da inzenização solicitada pelo MPT, o valor deverá ser encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Segundo Gustavo Accioly, procurador do Trabalho que assina a ação, o processo não diz respeito a prostituição em si que, se praticada de forma consensual, não é considerada crime.

"Combate-se o ato de se tirar proveito econômico indevido de pessoas forçadas física ou moralmente, mediante abuso, fraude ou engodo, a praticarem atos sexuais sob forte subjugação", afirmou o procurador

Para o MPT, Saul Kein "mantinha uma organização criminosa bem estruturada que arregimentava e prometia trabalho como modelo a jovens e mulheres em vulnerabilidade".

Na ação, o órgão afirma que as vítimas tiveram seus direitos violados, em especial à liberdade e à dignidade, para o MPT as garotas foram "tratados como mercadoria ou moeda de troca para proveito dos exploradores".

Álan Richard de Carvalho Bettini, advogado de Saul Klein na esfera trabalhista, encaminhou uma nota ao UOL, informando que seu cliente ainda não recebeu nenhuma notificação.

"Até o presente momento, não recebeu qualquer tipo de notificação ou citação oficial sobre a referida ação civil pública, de modo que se mostra impossível apresentar quaisquer esclarecimentos sobre o tema", informou.

Ainda segundo o advogado, Saul Klein estaria sendo vítima de um esquema. "os indivíduos responsáveis utilizaram de diversos meios ilícitos para atingirem seus objetivos, dentre eles a falsificação de documentos e assinatura imputada ao Sr. Saul Klein", concluiu.

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