Diário de São Paulo
Siga-nos
Violência contra menor

Família denuncia que filho sofreu agressões físicas e estupro coletivo dentro de escola

Caso está sob investigação da Polícia Civil

Mãe dá depoimento sobre agressões físicas e sexuais sofridas pelo filho na escola - Imagem: Reprodução/TV Globo
Mãe dá depoimento sobre agressões físicas e sexuais sofridas pelo filho na escola - Imagem: Reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 21/07/2022, às 18h12


Os pais de um adolescente de 12 anos denunciaram à polícia que o filho adolescente sofreu agressões físicas e estupro coletivo cometidos por outros alunos em uma escola estadual em Recife (PE). O caso é investigado pela Polícia Civil.

Em depoimentos à TV Globo, os familiares contaram que os agressores perseguiram a vítima, cuja identidade está sob sigilo, em diversos momentos na escola, dentro da sala de aula e no intervalo. Por medo, o garoto parou de sair de casa.

“Eles entravam, jogavam ele no chão e espancavam ele ali, no chão, para ninguém ver. Chegaram ao ponto de levar ele para o banheiro, né? Aí, botaram arma na cara dele. E foi quando três deles seguraram ele e os outros cometeram o abuso”, relatou a mãe.

O garoto fez exame no Instituto de Medicina Legal (IML) após o registro do boletim de ocorrência. Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os nomes do garoto e dos parentes não podem ser divulgados.

Sinais de violência

A mãe começou a perceber que havia algo errado com o filho logo depois do início das aulas presenciais neste ano, após dois anos de atividades pela internet em razão da pandemia.

Ela notou marcas pelo corpo do filho e achou que os hematomas eram de lesões dos treinos esportivos. No entanto, ao longo dos dias, o comportamento do garoto mudou radicalmente. Ela descobriu que ele faltou a várias aulas, fingindo a presença na escola para a família.

Os funcionários da escola ligaram para os pais para saber o motivo de tantas ausências do aluno. Após analisar a mudança nos hábitos do filho e seu medo de voltar à escola, a mãe concluiu que estava sofrendo ameaças.

Por outro lado, a mãe disse que a direção da escola demonstrou indiferença em relação ao problema. "Disseram que era tudo coisa da cabeça dele. Que nada disso era verdade, que eu não desse importância porque era tudo coisa da cabeça dele".

A revelação das agressões e do estuproocorreu quando o garoto desabafou com a avó, após não aguentar mais esconder o seu sofrimento.

“Quando a avó dele me contou, eu fiquei desesperada, né? Tentei conversar com ele. O que ele conseguia falar era tão pouco, ele entrava numa crise nervosa. Falava, ‘para, para, para. Eu não consigo, mãe, eu não consigo falar’", contou a mãe.

Aos poucos, o jovem conseguiu falar mais sobre as violências sofridas. "Pediam a ele dinheiro. Queriam dinheiro, a todo tempo dinheiro. E cada vez que ele chegava na escola, que ele não tinha conseguido dinheiro, ele apanhava”, disse a mãe.

Medidas de proteção


Os pais decidiram trocar o filho de escola. Segundo o advogado da família, Adalberto Barros, a decisão consistiu em garantir a segurança e integridade do jovem. Ele também afirmou que os crimes eram cometidos por alunos mais velhos.

"Foi dentro da escola durante o horário de aula e esses alunos chegam até a ser aqueles alunos fora de faixa, que são os que não tem a idade do ano letivo, mas estão cursando e alguns são maiores de idade".

A mãe da vítima prestou queixa na Delegacia de Crimes contra Criança e Adolescente (DPCA) em 13 de abril por ameaça e estupro de vulnerável ocorrido um mês antes, em 15 de março.

O advogado da família descreve os prejuízos psicológicos que as agressões causaram ao adolescente. "Ele estava com síndrome do pânico quando ia falar. Estava fazendo uso de medicamentos muito fortes. Então, está tendo todo um trabalho psicológico, até da delegacia na ouvida especial, para extrair essas informações dele sem machucar tanto a vítima".

A família também temeu novas represálias em razão da denúncia e decidiu se mudar para outra cidade. “Acabou com a saúde mental e social. Acabou com a vida do meu filho. [...] Eles sabiam onde ele morava, eles ameaçavam toda a família, sabiam o nome da gente", disse a mãe.

"Ele sempre foi um excelente aluno, todo mundo lá pode falar, ele sempre se cobrou muito. Ele é muito estudioso, alegre, brincalhão, divertido, muito comunicativo. E, agora, depois [do ocorrido], ele começou a se isolar, não queria ir para lugar nenhum. Não queria, estava sempre com dores de cabeça, triste”, lamentou.

Investigações

A Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco afirmou que o caso de violênciacontra o estudante segue sendo investigado pela Polícia Civil.

A pasta ainda relatou que a gestão da unidade de ensino prestou depoimento no início de julho e que está à disposição para ajudar nos trabalhos da polícia. A secretaria acrescentou também que a direção da escola teria tomado conhecimento do caso no dia 18 de abril durante uma reunião convocada pelo Conselho Tutelar.

Em nota, a Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) informou que "o inquérito policial será remetido para a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais da Criança e do Adolescente, pois durante as diligências foi constatado que os suspeitos do ato são adolescentes. Mais informações não podem ser repassadas no momento".

Compartilhe  

últimas notícias