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Racismo

Professora tira a roupa para protestar contra racismo em supermercado

A mulher alega que foi perseguida por um segurança do estabelecimento

Professora tira a roupa para protestar contra racismo em supermercado - Imagem: reprodução
Professora tira a roupa para protestar contra racismo em supermercado - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 10/04/2023, às 09h47


A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, decidiu protestar contra um ato de racismo dentro de um supermercado de Curitiba, no Paraná. A mulher negra tirou a roupa dentro do estabelecimento para provar que não estava roubando.

Em um desabafo nas redes sociais sobre o ocorrido, Isabel alegou que foi perseguida por um dos seguranças de uma unidade do supermercado Atacadão S.A. enquanto fazia compras.

“Eu perguntei para ele se eu estava oferecendo algum risco para a loja, porque desde a hora em que eu entrei ele estava andando atrás de mim”, relatou a professora, chorando, em um vídeo que publicou em seu perfil. “A gente não pode continuar sendo tratado como marginal, eu só entrei para fazer as minhas compras. Eu tenho dois filhos, não quero que eles passem por isso.”

Isabel contou que foi procurada pela gerente da unidade de compras e que ela lhe ofereceu um copo d'água para que se acalmasse.

No desabafo, a professora e atriz afirmou que o caso também foi reportado para a polícia. “Eu fui à delegacia, eles perguntaram se eles tinham se recusado a me atender, alguma coisa que caracterizasse como racismo, porque nada aconteceu, e o segurança só estava cumprindo o papel dele. O papel dele. O papel dele é perseguir uma pessoa preta no supermercado?”.

Algumas horas depois do ocorrido, Isabel resolveu voltar até o supermercado para protestar sobre o que havia acontecido. Ela ficou somente com as roupas íntimas e escreveu em seu corpo a frase "Eu sou uma ameaça?".

“Agora não tem mais nenhum segurança atrás de mim. Acho que todas as vezes que eu vier ao mercado agora eu vou ter que vir assim, seminua, sem lugar para guardar nada, para não ser risco para ninguém”, disse a professora em um vídeo gravado dentro do estabelecimento.

Em nota, o Atacadão disse que apurou o caso, conversou com funcionários, analisou as imagens de segurança e não identificou qualquer indício na abordagem do segurança que indicasse racismo. A empresa também se colocou à disposição de Isabel, segundo informações da Veja.

“Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de

comportamento discriminatório ou abordagem inadequada.
Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de
treinamentos intensos e frequentes.”
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